Trabalhadores da Avibras estão há 16 meses sem receber saláriosAgência Brasil

Os trabalhadores da Avibras Indústria Aeroespacial, em Jacareí, no interior de São Paulo, completam nesta sexta-feira, 9, 700 dias em greve. A paralisação é a maior em 68 anos de história do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região. O movimento grevista começou em 9 de setembro de 2022, em protesto contra a falta de pagamento de salários – o que persiste até hoje.

A Avibras, principal indústria bélica do País, está em recuperação judicial e já acumula uma dívida trabalhista em torno de R$ 280 milhões. São 16 meses de salários atrasados para mais de mil trabalhadores, que também estão sem convênio médico e sem o recolhimento de INSS e do FGTS.

Cobrança ao governo
Ao longo desses 700 dias, o sindicato vem cobrando do governo federal medidas que possam levar à regularização de ao menos parte dos salários. Uma das propostas da entidade é a antecipação do pagamento relativo a contratos das Forças Armadas com a Avibras, no valor de R$ 60 milhões.

O Sindicato já se reuniu com o vice-presidente Geraldo Alckmin, em 19 de janeiro e 9 de maio de 2023, e com o ministro da Defesa José Múcio Monteiro, em 20 de fevereiro de 2024, para apresentar sua proposta e expor o problema dos trabalhadores. Apesar da gravidade da situação, até agora nenhuma medida foi tomada.

A tecnologia da Avibras já chamou a atenção de empresas internacionais. Recentemente, a australiana DefendTex negociou a compra da fábrica, mas a transação não se concluiu.

Ação judicial
O sindicato também está buscando na Justiça uma saída para que os trabalhadores recebam seus salários. A entidade ajuizou uma ação civil coletiva, na 1ª Vara do Trabalho de Jacareí, contra a Avibras e seu sócio majoritário, João Brasil Carvalho Leite, e pede que o patrimônio pessoal do empresário seja usado para pagamento das dívidas salariais.

“A omissão do governo federal diante desta situação é inaceitável. Enquanto empresas estrangeiras mostram interesse em comprar a Avibras, o governo brasileiro continua inerte, sem assumir sua responsabilidade. Estamos falando de uma indústria bélica e de profissionais que, como trabalhadores da Avibras, fazem parte de programas estratégicos das Forças Armadas. Hoje, muitos deles estão recorrendo a trabalhos informais para sustentar suas famílias”, afirma Kléber Roberto de Carvalho, diretor do sindicato e trabalhador da Avibras.