Dólar à vista perdeu força no início da tarde e encerrou em baixa moderada no mercado domésticoAFP
Dólar tem leve queda em dia de ajustes e liquidez baixa com feriado nos EUA
Analistas afirmam que, apesar da intervenção do Banco Central, moeda americana se mantém em nível elevado em razão da percepção de risco doméstico
Após uma manhã de certa volatilidade, o dólar à vista perdeu força no início da tarde e encerrou a sessão desta segunda-feira, 2, em baixa moderada no mercado doméstico, mas ainda acima de R$ 5,60. Analistas afirmam que, apesar da intervenção do Banco Central, que, nesta segunda, vendeu mais um lote extra de swaps cambiais, o dólar se mantém em nível elevado em razão da percepção de risco doméstico. O detalhamento hoje do Projeto de Lei Orçamentária (PLOA), divulgado na sexta-feira, não dissipou dúvidas sobre o cumprimento das metas fiscais.
Operadores não identificaram gatilhos mais fortes para justificar a leve apreciação do real ao longo da tarde, mas citaram ajustes de posições, após o dólar ter avançado nos últimos cinco pregões e acumulado valorização de 2,84% na semana passada. Com a ausência dos negócios nas bolsas em Nova York e no mercado de Treasuries, ambos fechados em razão do feriado do Dia do Trabalho nos EUA, a liquidez foi reduzida, o que deixou a formação da taxa de câmbio mais suscetível a movimentações pontuais.
Com máxima a R$ 5,6595, pela manhã, e mínima a R$ 5,6049 à tarde, o dólar à vista terminou o dia em baixa de 0,36%, cotado a R$ 5,6148. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para outubro teve movimento bem modesto, por volta de US$ 10 bilhões. No ano, o dólar avança 15,69% em relação ao real, que divide com o peso mexicano o papel de pior moeda entre as principais divisas globais.
Para o operador da Fair Corretora, Hideaki Iha, a liquidez apertada, além de trazer mais volatilidade à formação da taxa de câmbio, impede que a queda de hoje seja vista com início de um movimento de alívio para o real. "O dólar caiu um pouco, mas uma taxa acima de R$ 5,60 ainda é muito 'esticada' e carrega um prêmio de risco muito grande", diz Iha, ressaltando que a reação do mercado às intervenções do BC foi muito tímida. "Com o corte quase certo de corte de juros pelo Federal Reserve em setembro e a possibilidade de uma alta aqui, o dólar deveria estar mais baixo, por volta de R$ 5,30. Temos um problema."
Pela manhã, o BC vendeu a oferta de 14.700 swaps cambiais extras (US$ 735 milhões), o que equivale à venda de dólar futuro. Trata-se do restante da oferta de 30 mil contratos oferecidos na sexta-feira e que não foram absorvidos. Ao todo, o BC vendeu na sexta e hoje US$ 1,5 bilhão em swaps cambiais.
No dia 30, já havia vendido US$ 1,5 bilhão em leilão de moeda à vista, operação que estaria relacionada a saída pontual de recursos provocada pelo rebalanceamento do EWZ, o ETF do Brasil no índice do MCSI, com entrada de ações brasileiras negociadas no exterior, como Nubank e XP.
"O leilão de swap cambial contribuiu um pouco para algum respiro do real. Mas nossa moeda segue sendo castigada principalmente por questões domésticas, em especial o risco fiscal", afirma a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. "O projeto de lei orçamentária está sendo muito questionado no que diz respeito às receitas projetadas. Existe muita incerteza se será possível zerar o déficit primário em 2025."
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