Juros futuros passarem a manhã oscilando entre a estabilidade e viés de altaJoédson Alves/Agência Brasil
Taxas caem na contramão da alta dos rendimentos dos Treasuries e do petróleo
Melhora não foi determinada por um fator específico, mas por ajustes técnicos relacionados aos prêmios de risco elevados
Os juros futuros se firmaram em baixa no meio da tarde desta segunda, 7, após passarem a manhã oscilando entre a estabilidade e viés de alta. A melhora não foi determinada por um fator específico, mas por ajustes técnicos relacionados aos prêmios de risco elevados, e se deu num ambiente de liquidez fraca. Alguns profissionais comentaram sobre a expectativa positiva para sabatina de Gabriel Galípolo amanhã no Senado.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 fechou em 12,29%, de 12,39% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2027, em 12,33%, de 12,43% no último ajuste. O DI para janeiro de 2029 encerrou com taxa na mínima de 12,34% (de 12,46%).
Diante do cenário externo tenso em função do agravamento dos conflitos no Oriente Médio, que fez disparar os preços do petróleo, e do avanço dos juros dos Treasuries, a avaliação é de que a curva local esteve bem comportada nesta segunda-feira, a despeito também da pressão do câmbio.
O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, afirma que os DIs já deveriam ter melhorado pela manhã, considerando o resultado das eleições municipais visto como positivo para os ativos domésticos. "Mas a alta dos juros dos Treasuries estava pesando", afirmou.
As taxas da T-Note de 2 e 10 anos chegaram a perder impulso à tarde mas seguiram acima de 4%, refletindo a percepção de que não deve haver disposição do Federal Reserve para manter cortes de juro na dose de 50 pontos-base nas reuniões restantes de 2024 Os preços do petróleo voltaram a disparar com nova ofensiva de Israel em Gaza e no Líbano, ontem (6), e temor de contra-ataque do Irã. O preço do Brent, referência para a Petrobras, voltou a rodar nos US$ 80 por barril.
A princípio, a esticada das cotações da commodity ainda não traz tanto desconforto ao cenário de preços domésticos porque a defasagem ante os preços internacionais estava negativa e agora esse hiato teria se fechado. Mas é necessário acompanhar os desdobramentos para uma possível pressão de alta dos combustíveis no Brasil.
Na hora final da sessão, as taxas renovaram mínimas com queda de mais de 10 pontos-base. Sem gatilho aparente, agentes nas mesas de renda fixa viam o alívio como um posicionamento do mercado para a sabatina de Galípolo no Senado amanhã. A partir das 10h, o economista passará pelo crivo da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e, das 14h em diante, a indicação deve ser avaliada pelo plenário da Casa.
Ninguém espera que o atual diretor de Política Monetária indicado para comandar o Banco Central em 2025 seja rejeitado pelos senadores, mas a leitura é de que a aprovação do nome será um fator a menos de incerteza no mercado. "A visão é de que é um nome mais contido considerando a lista sugerida ao presidente Lula", afirma Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
Quanto às eleições municipais, parte do mercado considera que o bom desempenho das forças de centro-direita - os seis maiores partidos em termos de prefeituras estão neste campo - é boa notícia do ponto de vista da corrida para eleitoral em 2026, ao sugerir enfraquecimento do avanço da esquerda e da possibilidade de heterodoxia na economia.
Por outro lado, num curto prazo, o analista político e sócio da Tendências Consultoria Rafael Cortez acredita que a tendência de fortalecimento da ala de centro-direita deve aumentar os desafios de Lula na gestão da sua coalizão de governo, alimentando uma reforma ministerial e afetando a governabilidade na metade final do mandato. "A contradição da agenda da equipe econômica com a coalizão do governo deve ser reforçada nessa metade final do mandato. A demanda política por aumento de arrecadação não deve ter destino positivo diante do peso relativo maior da centro-direita dentro da coalizão", afirma.
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