Política econômica mais protecionista defendida pelo republicano pode elevar a inflação no paísAFP

Após a vitória do candidato republicano Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, o dólar escalou a R$ 5,8619 na manhã desta quarta-feira, 6. O Petróleo e o minério de ferro recuaram, já bitcoin bateu recorde.
O mercado de câmbio acompanha o fortalecimento externo da divisa norte-americana e dos rendimentos dos Treasuries em meio a perspectivas de que, com Trump, os impostos sejam reduzidos nos EUA, as taxas de juros do Fed fiquem mais altas e ocorra maior protecionismo e o risco geopolítico seja elevado. 
O bitcoin bateu recorde e superou pela primeira vez a marca de 75 mil dólares (cerca de 433,8 mil reais na cotação atual), impulsionado pelo retorno de Donald Trump à Casa Branca, que prometeu converter os Estados Unidos na "capital das criptomoedas". No Brasil, a guinada foi de 11,89%, sendo comercializada a R$ 446 mil.

A moeda digital superou seu antigo pico de 73.797,98 dólares (valor em 426,8 mil reais na cotação atual) e bateu 75.371 dólares (valor em 435,9 mil reais na cotação atual), o que representa um aumento de 9%. A tendência se moderou depois, embora tenha mantido um aumento de 6,36%, para 73.564 dólares (valor em 425,4 mil reais na cotação atual). 
O preço dessa criptomoeda, assim como do dólar, disparou nos mercados com a publicação dos primeiros resultados da eleição presidencial dos EUA, na qual Trump venceu em vários estados com uma margem considerada suficiente para ganhar a eleição.

O triunfo do candidato republicano foi apontado horas depois, quando obteve mais do que os 270 votos eleitorais necessários para derrotar a vice-presidente democrata Kamala Harris.

Trump venceu em mais da metade dos 50 estados do país, incluindo Carolina do Norte, Geórgia, Pensilvânia e Wisconsin - considerados quatro dos sete principais estados-chave - e os cobiçados Texas e Ohio.

“O bitcoin é um dos principais ativos no centro das transações na noite da eleição americana: ele é relativamente líquido e extremamente dependente do resultado da votação”, disse Fredrick Collins, da plataforma VeloData, citado pela Bloomberg.

É por isso que esse especialista considera muito provável que “o aumento do preço (do bitcoin) esteja intimamente associado” à vitória de Trump.

Durante a campanha, o ex-presidente (2017-2021) prometeu transformar os Estados Unidos na “capital mundial do bitcoin e das criptomoedas” com uma estrutura regulatória extremamente flexível. O ether, outra criptomoeda popular, subiu até 6%, para US$ 2.599 (valor em 15 mil dólares na cotação atual).

O impulso também se estendeu às "memecoins", as criptomoedas altamente voláteis, como a "dogecoin", promovida por Elon Musk, proprietário da Tesla e da SpaceX, que tem sido um forte apoiador de Trump nesta campanha.
Brasil
No Brasil, a guinada do bitcoin foi de 11,89%, sendo comercializada a R$ 446 mil. Pouco depois da confirmação da vitória do Republicano, o ministro da Fazenda brasileiro, Fernando Haddad, foi perguntado por jornalistas sobre o efeito no Brasil. O chefe da pasta afirmou ser difícil prever impactos ainda, mas que, no mundo, "o dia amanheceu mais tenso".

"Na campanha, foram ditas muitas coisas que causam apreensão, não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Causam apreensão nos mercados emergentes, causam apreensão nos países endividados, na Europa", disse Haddad.

Nesta quarta-feira, além da eleição de Trump, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sobre a taxa básica de juros deve movimentar o mercado brasileiro. Analistas esperam alta de 0,50% na taxa Selic, passando de 10,75% para 11,25% ao ano. O aumento na taxa já tinha relação com as recentes altas do dólar e as pressões inflacionárias.
Petróleo
Pouco antes de 10h20, o petróleo Brent – referência mundial – para janeiro de 2025 recuava 1,84%, a US$ 74,14 por barril, e o petróleo WTI, referência norte-americana, para dezembro de 2024 caía 1,97% a US$ 70,57.

Além da força da moeda norte-americana, a perspectiva de uma guerra tarifária, caso Trump implemente as promessas de campanha de impor tarifas às importações norte-americanas, podem provocar um choque na economia global e, assim, afetar a demanda por petróleo.
Os preços do petróleo são pressionados ainda por sinais de demanda mais fraca nos Estados Unidos, após os números do American Petroleum Institute (API) mostrarem um aumento maior do que o esperado nos estoques de petróleo dos Estados Unidos.
*Com informações do Estadão Conteúdo e AFP