Tarcísio afirmou que a reforma tributária não foi a "de seus sonhos"Marcello Casal Jr./Agência Brasil

São Paulo - O governado do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, criticou nesta terça-feira, 11, o atual governo federal ao afirmar que os bons resultados da economia brasileira se dão por inércia após passar por reformas estruturantes desde 2016. "Foi um boom de reformas. São reformas que dão lastro para a economia brasileira, então os bons resultados da economia que se dão hoje são por inércia. Estamos vendo o governo jogando bons fundamentos fora com uma agenda de descontrole fiscal", afirmou durante evento do UBS para investidores.
"Estamos perdendo oportunidade. Estamos deixando de fazer o que deveríamos fazer e deixando de andar na direção certa. Dá para mexer duas ou três alavancas e colocar a coisa no rumo certo novamente. E a gente tem que falar de desindexação do mínimo, tem que falar de desvinculação de receitas e temos que falar de um reforma administrativa que imponha um corte de gastos", criticou Tarcísio, ressaltando que essas são as grandes agendas para o momento.
Sobre a reforma tributária, Tarcísio afirmou não ter sido a reforma de seus sonhos, mas que considerou importante. "Acho que talvez não seja a reforma dos sonhos de ninguém, mas foi uma reforma possível, difícil você conseguir reunir todos os atores e fazer com que todos os interesses convirjam", afirmou.
"Acho que tem muita imperfeição, existem algumas distorções que continuam sendo colocadas dentro, então sempre aquela mania de tira isso, tira aquele outro. Simulamos exaustivamente para saber qual seria o impacto da reforma nas contas do estado de São Paulo, e chegamos a conclusão de que a reforma é benéfica", disse, justificando o apoio de São Paulo à reforma. "É o estado que mais perde com a guerra fiscal. É o estado que mais perde em termos de crédito outorgado", pontuou.
Com Trump, pode ter nova edição da guerra comercial entre China e EUA
Freitas diz ser cauteloso em relação ao que vai acontecer nos Estados Unidos com a reeleição de Donald Trump, mas disse que se pode esperar uma nova edição da Guerra Fria entre China e Estados Unidos do ponto de vista comercial.
"A gente tem que saber como se posicionar para transformar o que é um risco em uma oportunidade. O que a gente vai ver são as elevações de alíquotas, as políticas protecionistas e se a gente souber se posicionar com pragmatismo, a gente pode se dar bem", afirmou o governador durante painel sobre investimentos do UBS.
Com relação ao Brasil, Tarcísio disse que poderíamos estar andando muito melhor.
"Se pensarmos nas reservas internacionais, superávit em balança, nas reformas construídas nos últimos anos para dar um grande salto, além de aproveitar essas oportunidades em transição energética; mas a gente insiste em tomar o caminho errado", afirmou, voltando a criticar o governo federal.
"A preocupação do pessoal agora é de regular a Inteligência Artificial. Os países mais espertos deixam o mercado crescer e ir se regulando sozinho, para depois criar uma regulação. Regular agora vai impedir o crescimento da Inteligência Artificial", afirmou.
Tarcísio finalizou dizendo que "essa miopia" do atual governo tem fortalecido um campo da direita, e tomou como exemplo a recente eleição municipal. "Tem um campo muito fortalecido depois da eleição municipal e que é um campo que tem tudo para voltar ao poder em 2026", finalizou.