Comitê de Política Monetária do Banco Central divulgou a ata da última reuniãoRafa Neddermeyer/Agência Brasil
Essa decisão é justificada pela análise de cenário. "O Comitê avaliou que os determinantes de prazo mais curto, como a taxa de câmbio e a inflação corrente, e os determinantes de médio prazo, como o hiato do produto e as expectativas de inflação, seguem exigindo uma política monetária mais contracionista", afirmou o texto, acrescentando que esses indicadores também foram determinantes para a elevação de 1 pp decidida na última semana.
"Para além da próxima reunião, a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos", disse o colegiado.
"Foi destacado, na análise de curto prazo, que, em se concretizando as projeções do cenário de referência, a inflação acumulada em doze meses permanecerá acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta nos próximos seis meses consecutivos. Desse modo, com a inflação de junho deste ano, configurar-se-ia descumprimento da meta sob a nova sistemática do regime de metas", alertou o BC.
Como o Broadcast mostrou ainda em novembro do ano passado, a trajetória da inflação já ameaçava a gestão de Gabriel Galípolo a ter de se justificar por um eventual descumprimento da meta nos primeiros seis meses. Com a mudança para o sistema de meta contínua de inflação a partir deste ano, o cumprimento da meta é apurado com base na inflação acumulada em 12 meses.
A avaliação do colegiado é de que, no curto prazo, o cenário de inflação é adverso. "Os preços de alimentos se elevaram de forma significativa, em função, dentre outros fatores, da estiagem observada ao longo do ano e da elevação de preços de carnes, também afetada pelo ciclo do boi. Esse aumento tende a se propagar para o médio prazo em virtude da presença de importantes mecanismos inerciais da economia brasileira", analisou o Copom.
O Comitê também ponderou que, em relação aos bens industrializados, o movimento recente do câmbio pressiona preços e margens e sugere maior aumento em tais componentes nos próximos meses. "Por fim, a inflação de serviços, que tem maior inércia, segue acima do nível compatível com o cumprimento da meta em contexto de atividade dinâmica e acelerou nas observações mais recentes", completou a ata.
A avaliação prossegue e mostra que, considerando o cenário de aperto de condições financeiras e elevação de prêmio de risco, o crédito bancário tem apresentado alguma inflexão no período mais recente, especialmente nas linhas de baixo risco para pessoas físicas.
"Por outro lado, o mercado de títulos privados segue com crescimento de volume acima do esperado e compressão de spreads. Antecipa-se então um cenário multifacetado, marcado por elevado comprometimento de renda das famílias com o serviço da dívida, concomitante a um dinamismo no mercado de títulos privados", diz o documento.
A avaliação do Copom é de que a conjunção de um mercado de trabalho robusto, política fiscal expansionista e vigor nas concessões de crédito amplo tem dado suporte ao consumo e à demanda agregada. O colegiado também observou que, ao longo dos últimos trimestres, o mercado de trabalho também se mostrou aquecido, e citou as mensurações da taxa de desocupação, do nível de ocupação e do número de desligamentos voluntários.
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