No trimestre encerrado em fevereiro, País gerou 421 mil vagas de emprego formal no setor privadoReprodução

A taxa de desocupação de 6,8% registrada no trimestre terminado em fevereiro representa o menor resultado para esse período do ano desde 2014, quando também ficou em 6,8%, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já considerando toda a série histórica, em fevereiro a taxa subiu ao maior patamar desde o trimestre terminado em julho de 2024, quando também estava em 6,8%.

A taxa de desemprego registrou em fevereiro o terceiro trimestre móvel de avanços consecutivos. No trimestre terminado em fevereiro de 2024, a taxa estava em 7,8%.
Carteira assinada
O País registrou contingente recorde de trabalhadores ocupados com carteira assinada no setor privado no trimestre terminado em fevereiro, segundo os dados da Pnad Contínua. O trimestre encerrado em fevereiro mostrou uma abertura de 421 mil vagas formais no setor privado. Na comparação com o mesmo trimestre de 2024, 1,565 milhão de vagas com carteira foram criadas no setor privado.

O total de pessoas com carteira assinada no setor privado subiu a 39,560 milhões de trabalhadores no trimestre até fevereiro, um recorde na série histórica iniciada em 2012. Já o contingente de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado ficou em 13,542 milhões de pessoas. O resultado significa 861 mil de vagas a menos nessa condição do que no trimestre anterior. Em relação ao trimestre até fevereiro de 2024, foram criadas 252 mil vagas sem carteira no setor privado.

O trabalho por conta própria aumentou em 6 mil pessoas em um trimestre, para um total de 25,867 milhões de trabalhadores. O resultado representa 434 mil pessoas a mais trabalhando nesta condição na comparação com o mesmo período do ano anterior.

O número de empregadores recuou em 46 mil em um trimestre, para 4,305 milhões de pessoas. Em relação a um ano antes, o total de empregadores teve um aumento de 94 mil pessoas.

O País teve uma queda de 300 mil pessoas no trabalho doméstico em um trimestre, para um total de 5,697 milhões de pessoas. O resultado representa recuo de 219 mil trabalhadores ante o mesmo trimestre do ano anterior.

O setor público teve 496 mil pessoas a menos no trimestre terminado em fevereiro ante o trimestre encerrado em novembro, para um total de 12,351 milhões de ocupados. Na comparação com o trimestre até fevereiro de 2024, foram abertas 334 mil vagas no setor público.
Desalento
O Brasil registrou 3,236 milhões de pessoas em situação de desalento no trimestre encerrado em fevereiro, segundo os dados da Pnad Contínua. O País tinha 208 mil desalentados a mais em relação ao trimestre encerrado em novembro, um aumento de 6,9%. Em um ano, 435 mil pessoas deixaram a situação de desalento, baixa de 11,8%.

A população desalentada é definida como aquela que estava fora da força de trabalho por uma das seguintes razões: não conseguia trabalho, ou não tinha experiência, ou era muito jovem ou idosa, ou não encontrou trabalho na localidade - e que, se tivesse conseguido trabalho, estaria disponível para assumir a vaga.

Os desalentados fazem parte da força de trabalho potencial.

Taxa de subocupação 
Segundo o IBGE, a taxa de subocupação por insuficiência de horas trabalhadas ficou em 4,4% no trimestre até fevereiro, ante um patamar de 4,9% no trimestre até novembro. Em todo o Brasil, há 4,543 milhões de trabalhadores subocupados por insuficiência de horas trabalhadas.

O indicador inclui as pessoas ocupadas com uma jornada inferior a 40 horas semanais que gostariam de trabalhar por um período maior.

Na passagem do trimestre até novembro para o trimestre até fevereiro, houve um recuo de 557 mil pessoas na população nessa condição. O País tem 542 mil pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas a menos em um ano.
Massa salarial
Já a massa de salários em circulação na economia aumentou em R$ 20,012 bilhões no período de um ano, para um recorde de R$ 342,028 bilhões, uma alta de 6,2% no trimestre encerrado em fevereiro de 2025 ante o trimestre terminado em fevereiro de 2024.
Na comparação com o trimestre terminado em novembro de 2024, a massa de renda real subiu 0,1% no trimestre terminado em fevereiro, R$ 179 milhões a mais.

O rendimento médio dos trabalhadores ocupados teve uma alta real de 1,3% na comparação com o trimestre até novembro, R$ 43 a mais, para um recorde de R$ 3.378. Em relação ao trimestre encerrado em fevereiro de 2024, a renda média real de todos os trabalhadores ocupados subiu 3,6%, R$ 118 a mais.

A renda média sobe com uma maior formalização no mercado de trabalho, com influência também da saída sazonal de trabalhadores em vagas com menores rendimentos e da redução da ocupação na informalidade. Além disso, houve reajuste recente no salário mínimo. A avaliação é de Adriana Beringuy, coordenadora da pesquisa do IBGE.

"Eu considero que essa questão sazonal ela tenha um peso maior (sobre a alta no rendimento), essa menor participação do trabalho informal na composição da população ocupada como um todo. E além disso, mesmo considerando que o setor público é todo formal, o segmento dele que caiu, que foi o emprego sem carteira, é justamente o segmento com os menores rendimentos", apontou Beringuy.

A renda nominal, ou seja, antes que seja descontada a inflação no período, cresceu 2,8% no trimestre terminado em fevereiro ante o trimestre encerrado em novembro. Já na comparação com o trimestre terminado em fevereiro de 2024, houve elevação de 8,6% na renda média nominal.
Informalidade
A taxa de informalidade ficou em 38,1% no mercado de trabalho no trimestre até fevereiro. Havia 39,079 milhões de trabalhadores atuando na informalidade no período, segundo os dados da Pnad Contínua. 

Em um trimestre, 1,172 milhão de pessoas deixaram de atuar como trabalhadores informais. O total de vagas no mercado de trabalho como um todo no período encolheu em 1,240 milhão de postos de trabalho. Ou seja, o emprego diminuiu quase totalmente via informalidade.

"Basicamente, a retração de ocupação no trimestre foi gerada pela queda da população ocupada informal", confirmou Adriana Beringuy, coordenadora da pesquisa.

Segundo a pesquisadora, a queda na informalidade tem relação com as dispensas na agricultura, construção e serviços domésticos. Ela diz que a informalidade já vinha em tendência de queda, graças a uma maior participação da carteira assinada na composição da ocupação. Atualmente, a fatia dos informais na ocupação está nas mínimas históricas, excetuando-se a excepcionalidade do período de pandemia de covid-19.

Beringuy disse não ser possível afirmar que a atual queda brusca na informalidade poderia ser o início de um processo de ajuste no mercado de trabalho, que posteriormente se espalharia para outras atividades.

"Essa queda agora ocorreu em atividades que a gente já esperava que caíssem mesmo, como é o caso da administração publica, saúde educação, que foi a queda de quase meio milhão de pessoas. A construção também, e o próprios serviços domésticos. A gente não teve retração no comércio. A gente não observou também retração muito significativa nos serviços de modo geral. Então não temos condições de afirmar que isso possa ser início de um espalhamento, de uma difusão entre as atividades de perda de ocupação. Eu não teria como confirmar isso. O que a gente tem são dados que conversam com a série histórica da própria pesquisa", respondeu Beringuy, referindo-se a movimentos sazonais.

Em um trimestre, na informalidade, houve redução de 861 mil empregos sem carteira assinada no setor privado, de 285 mil trabalhadores domésticos sem carteira assinada, de 33 mil empregadores sem CNPJ e de 29 mil pessoas no trabalho por conta própria sem CNPJ. Porém, houve aumento de 36 mil pessoas atuando no trabalho familiar auxiliar.

A população ocupada atuando na informalidade caiu 2,9% em um trimestre. Em relação a um ano antes, o contingente de trabalhadores informais aumentou em 261 mil pessoas, alta de 0,7%.