Publicado 26/10/2022 12:33
Uma perícia realizada pela Polícia Federal (PF) aponta indícios de que o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) premeditou o ataque ao delegado e a policiais que foram até a sua casa no domingo, 23, no município de Levy Gasparian, na Região Serrana do estado do Rio de Janeiro cumprir uma ordem de prisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O laudo deve ficar pronto nos próximos dias.
Segundo a PF, a suspeita é de que o ex-parlamentar já tinha se preparado para a situação após a divulgação do vídeo em que ele xinga a ministra Cármen Lúcia, do STF, de “bruxa” e a compara a uma “prostituta”, pelo voto favorável aos direitos de resposta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Jovem Pan. O vídeo foi publicado nas redes sociais de Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha dele.
A Polícia Federal também apura se Jefferson gravou o vídeo de propósito para provocar a sua prisão ou se a premeditação da situação ocorreu somente após a repercussão das imagens. Na casa do ex-deputado, os agentes encontraram um tripé de gravação, fita adesiva utilizada nas granadas e marcas de 60 tiros de fuzil. Em depoimento à polícia, Jefferson citou mais de 50 disparos e três granadas.
Na ocasião, de acordo com a PF, dois agentes ficaram feridos na operação "por estilhaços de granada arremessados pelo alvo". Ainda segundo a corporação, eles foram imediatamente levados ao pronto-socorro e passam bem.
O ex-deputado estava em prisão domiciliar, perdeu o direito e teve de voltar à cadeia por ter desrespeitado as medidas cautelares impostas pelo STF. Ele recebeu o benefício em janeiro deste ano, mediante o cumprimento de medidas como a proibição de usar redes sociais e dar entrevista sem autorização judicial.
Com o descumprimento reiterado da medida, o benefício foi revogado e a Justiça determinou que voltasse à prisão. O mandado para prendê-lo foi assinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e foi enviado para a Polícia Federal do Rio de Janeiro no fim da noite do sábado, 22.
Como ele resistiu a prisão e atacou os agentes federais, Moraes expediu um novo mandado, onde determinou a sua prisão em flagrante por suspeita de tentativa de duplo homicídio. A prisão poderia ser feita em qualquer hora — ao contrário de quando não é em flagrante, que só pode ser feita durante o dia.
Roberto Jefferson se entregou à PF às 19h de domingo, após oito horas de resistência, e foi levado para a sede da corporação no Rio de Janeiro, onde chegou por volta das 21h. Na segunda, 24, Jefferson foi transferido do presídio de Benfica para a penitenciária Pedrolino Werling de Oliveira, no Bangu 8.
Ele foi indiciado pela PF por quatro tentativas de homicídio referente aos dois agentes que ficaram feridos e outros dois que estavam em uma viatura, mas não chegaram a ser atingidos.
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