Rio - Neste domingo (6) de eleições, a reportagem do DIA esteve em zonas eleitorais da Zona Sul e do Centro do Rio e encontrou uma cena que, a cada ano, se repete: idosos com 70 anos ou mais, que não são mais obrigados a votar, comparecendo às urnas por escolha própria. Para muitos, exercer o direito ao voto é uma questão de cidadania e democracia.
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Apesar do voto ser facultativo para a faixa etária, muitos desses eleitores encaram o ato de votar como uma maneira de continuar contribuindo para a construção do município, estado ou país. O voto também não é obrigatório para analfabetos e menores de idade com 16 e 17 anos.
"É importantíssimo a gente escolher quem a gente quer para ver se melhora. Enquanto eu puder votar, eu vou votar. Faço questão, me sinto bem e faz parte da democracia. Tenho amigas idosas que não votam, mas sempre digo que eu vou porque me faz bem. Além disso, incentivo muito elas, porque se consegue andar, conversar e discutir os problemas, então tem que votar e escolher", ressaltou a aposentada Eurídice Francisca da Silva Lima, de 73 anos, que vota na Catedral Metodista, em Laranjeiras.
De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE), houve aumento de 14,9% no total de eleitores fluminenses com idade acima de 70 anos. O número passou de 1.524.361, em 2020, para 1.752.759, em 2024.
Danilo Costa Júnior, de 76 anos, morador de Laranjeiras que já não nutre grandes esperanças quanto ao futuro político do município, mas que ainda assim faz questão de votar. “Sendo sincero, não acho importante porque tem muito político corrupto, mas vou tentar encontrar algum honesto até eu morrer. Quando eu morrer, desisto. Eu voto porque quem sabe um dia apareça alguém que preste? Se não votar, vou ficar no arrependimento. Se eles vão fazer o papel deles, eu não sei, mas eu faço a minha parte”, refletiu o aposentado.
Leda Maria Fernandes, de 75 anos, moradora do Estácio, também faz questão de manter uma tradição familiar: o hábito de votar mesmo depois dos 70 anos. A aposentada vota no Centro de Convenções na Cidade Nova e vê o ato de ir às urnas como parte de seu dever. “Eu gosto de votar e estou fazendo o meu papel de cidadã, o voto é muito importante. Eu nunca deixei de vir e, enquanto eu estiver viva, vou continuar fazendo. É muito bom poder contribuir com a nossa cidade”.
Leda destacou que a tradição veio do sogro, que faleceu recentemente aos 89 anos, mas que nunca perdeu uma eleição. "Peguei essa mania do meu sogro, ele votou até quando pôde. Chegava no local de votação antes de abrir”, contou. Para ela, enquanto estiver viva e com saúde, estará presente nas urnas.
Para os eleitores que possuem mais de 70 anos e pretendem continuar a votar, é importante que a revisão do eleitorado seja realizada. Este procedimento é executado pelos TREs, onde os eleitores são convocados a comparecer pessoalmente ao cartório eleitoral para verificar a regularidade de suas inscrições.
Aqueles que já completaram ou completam 70 anos até 1º de outubro estão na parcela de cidadãos cujo voto se torna facultativo, e estão isentos de que seus títulos sejam cancelados. A norma eleitoral estabelece que o documento só perde a validade se o eleitor deixar de votar ou justificar o voto em três eleições seguidas.
A aposentada Rita Santana, de 71 anos, moradora do Catumbi, apesar da saúde fragilizada, fez questão de comparecer às urnas acompanhada do filho e do neto. Para ela, o voto continua sendo fundamental. “Eu faço questão porque o meu voto faz toda a diferença. Eu nem estou bem de saúde, mas mesmo assim, faço questão”, contou.
Com o apoio da família, Rita mantém sua participação ativa e planeja continuar votando enquanto puder. “Venho com o meu neto e meu filho que me ajudam, e pretendo continuar votando enquanto conseguir. Acho que todos deveriam fazer isso, tem muita gente que pode votar, mas não faz porque atingiu a idade, sendo que eleger as pessoas é importante”, ressaltou.
João Ângelo Amorim, de 78 anos, e sua esposa, de 74, foram juntos às urnas, mostrando que, mesmo com a idade avançada, o compromisso com o voto permanece forte. “É importante demais e eu faço questão de votar. Tem gente que não vota e depois quer reclamar do governo, o que não faz sentido. Então, eu faço minha parte e só vou deixar de fazer quando realmente não conseguir mais”, afirmou o morador do Catumbi.
No Rio, eleitores foram às urnas neste domingo para escolher o prefeito e vereador que irão compor a Câmara Municipal. As seções eleitorais foram abertas às 8h e a votação irá até as 17h.
A pesquisa do Datafolha, divulgada neste sábado (5), mostra que Eduardo Paes (PSD) se isolou na liderança, com 61% das intenções de voto na disputa pela Prefeitura do Rio. Em segundo lugar está Alexandre Ramagem (PL), com 24%, e Tarcísio Motta (Psol) com 7%. Segundo o Instituto, diante deste cenário é possível afirmar que a eleição será decidida no 1º turno.
A pesquisa do Instituto de Pesquisas Datafolha foi contratada pelo jornal Folha de S. Paulo e pela Globo, e tem o número de identificação RJ-04865/2024. O levantamento foi feito por meio de aplicação de questionário estruturado e abordagem pessoal em pontos de circulação entre os dias 4 e 5 de outubro. Foram entrevistadas 1.809 pessoas, em amostragem que representa o conjunto do eleitorado carioca. O nível de confiança é de 95%.
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