
O rompimento do governo do estado do Rio de Janeiro com o consórcio que gere o Maracanã entrará em vigor no dia 19 de abril. A decisão, anunciada pelo governador Wilson Witzel, em março, vai prejudicar uma série de colaboradores da atual administração do estádio, que terão extintos seus contratos e muitos prejuízos. Bruno Rodrigues, sócio-diretor da Esportecom e gestor comercial do Maracanã é um deles. Apesar do revés, ele faz de sua paixão pelo principal palco de futebol do Brasil a motivação para se manter empenhado no desenvolvimento do local.
"Somos apaixonados pelo Maracanã e temos orgulho de ter contribuído decisivamente para a viabilização econômica do estádio. Nosso desejo é trazer mais eventos e empresas para o portfólio de patrocinadores do Maracanã, sempre com benefícios para o estádio e os clubes", diz Bruno, que levou para o Maraca pesos pesados do mercado como Brahma, Coca-Cola, AOC e Supermercados Guanabara, entre outros. Em vez da decepção com o quadro atual, ele enxerga o futuro com otimismo e segue fazendo planos.
"Como nossa atuação é de natureza comercial e fomos responsáveis por trazer quase 50 clientes para o estádio, nada impede de emplacarmos uma parceria similar com quem eventualmente seja eleito para gerir o estádio por 180 dias", acrescenta o responsável pelo sucesso das vendas não só de patrocínios, mas de camarotes do estádio, campeão do país em número de investidores.
Sobre a decisão do governo do estado de romper com o Consórcio Maracanã S.A., Bruno admite ter sido pego de surpresa, mas evita criticar a decisão de Wilson Witzel. "Eu achei o rompimento de certo modo abrupto. Sempre soubemos que tal possibilidade poderia acontecer, mas como as coisas estavam caminhando dentro da normalidade no aspecto desportivo e comercial, imaginávamos que teríamos um tempo de transição mais confortável. Obviamente o governador Witzel tem seus motivos e torcemos para que o Maracanã siga cumprindo a sua vocação principal de ser a casa do futebol carioca", diz.
Nem os prejuízos com o fim da gestão do Consórcio Maracanã S. A. abalam Bruno, um rubro-negro de 38 anos de idade. "Teremos prejuízo grande, pois recebemos remuneração variável de acordo com o nosso desempenho comercial. Somos comissionados por tudo que produzimos. Como os contratos serão extintos, vamos receber apenas o proporcional pelos quase quatro meses de entregas comerciais em 2019. Mas, honestamente, minha preocupação hoje é que a relação comercial de todos os nossos clientes com o estádio, seja na condição de patrocinadores ou permissionários para uso de camarotes, siga adiante. Todos estão extremamente satisfeitos e, a soma destes contratos, compõe uma receita absolutamente indispensável para a saúde financeira do Maracanã. Algumas empresas firmaram acordos com o estádio até o fim de 2020", revela.
Este ano, o Maracanã já recebeu 22 jogos - em 2018 foram 57 -, média considerada excelente por Bruno Rodrigues, que respeita o fato de Flamengo, Fluminense e Vasco terem apoiado a decisão do governador Witzel. "Sou Flamengo, mas tenho um amor enorme pelo futebol do Rio. Sobre o posicionamento dos clubes, é compreensível. Eles, na condição de protagonistas, sempre anseiam por melhores condições. Com toda a experiência acumulada e o sucesso comprovado da nossa gestão comercial, coloco a Esportecom à disposição dos clubes cariocas para incrementar as suas receitas e contribuir para que eles faturem muito mandando seus jogos no Maracanã", avisa o atual gestor comercial do estádio, que, otimista em relação ao futuro do Maracanã, deseja que o futebol carioca continue batendo um bolão neste palco sagrado.
"O Maracanã é a casa de quatro dos maiores clubes do planeta. A vocação inequívoca do estádio é o futebol. Todo o restante, como shows e eventos é secundário. O Governador Witzel foi muito feliz ao afirmar que, mesmo estando aberto a eventos alternativos ao futebol, bola rolando deverá ser sempre a prioridade. Espero que os clubes cariocas avancem nas competições que estão disputando e que o estádio supere o número de jogos da última temporada. Foi lindo ver, por exemplo, Bangu e Madureira atuando como mandantes neste Campeonato Carioca", observa, enaltecendo o trabalho feito até agora em prol não só do Maracanã, mas do futebol carioca.
"Sem falsa modéstia, a parceria da Esportecom com a gestão do presidente do consórcio Maracanã S/A, Mauro Darzé, devolveu o protagonismo ao Maracanã. É motivo de orgulho saber que em pouco tempo de trabalho, encerramos o conflito entre Flamengo e Maracanã, viabilizamos financeiramente o estádio e despertamos o interesse de empresas enormes, nacionais e internacionais, que hoje se candidatam a administrar o estádio. Não temo pelo futuro do Maracanã e acredito que uma era de prosperidade se anuncia, especialmente após esse período em que um gestor interino irá administrar o estádio por 180 dias", frisa, acrescentando:
"Uma nova licitação vai colocar o Maracanã e o futebol do Rio em outro patamar. Confio no Governador Witzel, no Secretário de Esportes Felipe Bornier e em toda a equipe que coordena essa transição. O Maracanã é o estádio mais viável do planeta. Nas mãos certas, tendo um alinhamento bem afinado com os clubes, não tenho dúvidas que o futuro será tão fantástico quanto o passado glorioso do templo sagrado do futebol mundial", aposta Bruno, esbanjando otimismo.
A Secretaria Estadual de Esportes, sob a responsabilidade de Felipe Bornier, emitiu a seguinte nota oficial:
"O objetivo do Governo do Estado para os próximos 180 dias e para a solução definitiva é que o estádio seja gerido da melhor forma possível, para atender a população e as clubes cariocas. Para os 180 dias, que se iniciam em 19 de abril, será definida uma permissão de uso e após esse período a comissão consultiva vai definir o melhor modelo de gestão para o Maracanã. Durante esse período, os custos relativos à gestão do Complexo Maracanã serão de responsabilidade da futura permissionária. Até o dia 4 de abril receberemos os projetos e no dia 5, divulgaremos a proposta de permissão de uso vencedora.
Além disso, o governo vai instituir um Comitê de Gestão e Operação, que vai acompanhar e compor um grupo de vistoria prévia e de recebimento do Maracanã e Maracanãzinho, para início da permissão de uso. A permissionária vai assumir os equipamentos no dia 19 de abril.
O Comitê de Gestão e Operação vai atuar cooperativamente com a permissionária em prol de uma gestão mais eficiente, que atenda, principalmente, ao interesse público e ao fortalecimento do futebol carioca. Para isso, nos dedicamos ao máximo para desenhar a permissão de uso. Com a nova gestão a ser implementada, o Governo do Estado está desenvolvendo um novo capítulo na história do Complexo Maracanã que, por ser o estádio de maior importância internacional, merece ser tratado com respeito".