Tita no GrÊmio - Reprodução de TV
Tita no GrÊmioReprodução de TV
Por ALYSSON CARDINALI

Poucas pessoas no mundo conhecem tão bem a rivalidade de um Flamengo x Grêmio pela Libertadores quanto Milton Queiroz da Paixão. Ídolo das duas torcidas, campeão continental pelo Rubro-Negro, em 1981, e pelo Tricolor, em 1983, Tita viveu os momentos de glória dos dois times na competição. E também guarda na memória outro capítulo marcante dos clubes na luta pelo maior título da América do Sul: o encontro nas semifinais da edição de 1984.

Vestindo a camisa 10 que fora de Zico, Tita travou três duelos épicos com Renato Gaúcho, que levou a melhor em jogo desempate, no Pacaembu. O placar de 0 a 0 após 120 minutos, em 19 de julho, deu a vaga na final — no saldo de gols — ao Grêmio, que vencera no Olímpico (5 a 1) e perdera no Maracanã (3 a 1). A ULA-VEN, outro integrante do Grupo B, foi o saco de pancada dos brasileiros — derrotada nos quatro jogos, sofreu 13 gols e marcou apenas dois.

"Aquelas partidas foram fantásticas. A decisiva, em São Paulo, foi a mais equilibrada. Eu me lembro que o Flamengo dominou o Grêmio, pressionou muito, mas não conseguiu o gol da classificação. Fiquei frustrado, pois sonhava com mais um título. Não é qualquer jogador que tem duas Libertadores da América. Ainda mais por times diferentes, mas eu queria muito conquistar mais uma", revela Tita, sem reclamar do destino.

"Minha primeira Libertadores, pelo Flamengo, foi espetacular. Com o Grêmio, dois anos depois, foi maravilhosa. Mas ser campeão é sempre muito especial", afirma o ex-jogador, que desmente polêmica criada na partida disputada no Olímpico, no dia 26 de junho, de que o Flamengo teria sido goleado porque fora a campo com camisas de mangas curtas na gélida noite de Porto Alegre.

"Isso é uma bobagem, nem me lembrava mais desse detalhe. O Flamengo tinha time para vencer jogando com camisa de manga curta ou comprida. Fato é que o Grêmio, naquele jogo, foi superior. Ainda fiz o gol do Flamengo e empatei o jogo, mas depois eles nos dominaram e conseguiram a vitória", avalia.

Sonho frustrado

Tita não balançou a rede nos 3 a 1 sobre o Grêmio, no Maracanã, mas o resultado manteve vivas as chances de o rubro-negro ir a mais uma final de Libertadores. Em seguida, os gaúchos fizeram 6 a 1 na ULA-VEN, o que obrigava o Flamengo a vencer os venezuelanos para forçar a realização do jogo desempate. O camisa 10 deixou sua marca na suada vitória por 2 a 1, de virada, e passou a sonhar com mais uma decisão na carreira, o que acabou não se realizando com o 0 a 0 no Pacaembu.

"Aquele foi o momento em que o Flamengo mais avançou na Libertadores: depois do título de 1981, foi a segunda semifinal em três anos. Veja que o clube só voltou a esta fase, agora, 35 anos depois. Nossa campanha de 1984 tem que ser valorizada", diz Tita, que viu o Grêmio, seu ex-clube, perder o bicampeonato continental para o Independiente-ARG.

Duelo sem favorito

Aliás, por falar na Libertadores de 2019, Tita prevê outro Flamengo x Grêmio eletrizante, digno da semifinal de 1984. "Esse Flamengo de agora é o que mais se aproxima daquele Flamengo histórico da década de 1980. Tem jogadores de peso, vem muito bem no Brasileiro e na Libertadores", avalia, sem deixar de encher a bola do Grêmio.

"É um time copeiro, que mais tem jogado semifinal de Libertadores ultimamente e que atua junto há três anos sob o comando do Renato Gaúcho. Isso tem um peso muito grande", frisa.

Tita evita apontar um favorito à vaga na final, contra os argentinos Boca Juniors ou River Plate. "Vejo um duelo bem equilibrado. Quem ganhar vai me deixar muito feliz. Tenho muito carinho pelos dois clubes", resume Tita, que evita decepcionar os torcedores gaúchos e cariocas.

 

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