A Comissão de Atletas do Comitê Olímpico do Brasil (Cacob) se reuniu nesta quarta-feira (3) com o Diretor Jurídico da entidade, Luciano Hostins, para aparar arestas sobre o polêmico caso envolvendo o oposto Wallace, suspenso por cinco anos, que também acabou atingindo a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).
Em entrevista ao site "ge", o presidente da Cacob, Yane Marques, revelou que a conversa mostrou sinais positivos, mas reitrou a preocupação dos atletas com os próximos meses da modalidade.
"A Comissão de Atletas está preocupada com a sequência do ano e o cumprimento ou não da temporada prevista dos atletas. A decisão resvalou em vários outros atletas que não estavam envolvidos no caso", disse.
No que se refere à CBV, a entidade acabou sendo desvinculada por seis meses após participação do oposto na final da Superliga, no título do Sada Cruzeiro, e, a princípio, não poderá inscrever jogadores para os torneios Pré-Olímpicos do fim do ano, entre setembro e outubro.
Tal competição é a primeira porta de entrada para os Jogos, que serão disputados em Paris, em 2024. Organizados pela Federação Internacional de Voleibol (FIVB) e chancelados pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), o Pré-Olímpico define no regulamento que cada entidade local - no caso o COB - deve escolher os jogadores participantes após recomendação da confederação (CBV).
Em nota divulgada, a Comissão de Atletas destacou que não compactua com os posicionamentos recentes de Wallace, mas citou como o meio olímpico pode ser prejudicado por conta de decisão do Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil.
Veja a nota publicada pela Comissão de Atletas:
"A comissão de atletas do COB (CACOB) acredita que os atletas, sobretudo olímpicos, têm importância acentuada no papel social do esporte e na construção de um país e sociedade mais justos.
Declaramos que não compactuamos com quaisquer comportamentos praticados por atletas que sejam discriminatórios em geral, que possam ferir boas condutas éticas e morais, que possam gerar violência ou desrespeitar os valores olímpicos, seja dentro ou fora do ambiente esportivo.
No entanto entendemos que cada órgão julgador possui jurisdições específicas que precisam ser respeitadas conforme suas próprias leis e regimentos. No dia 13 de março deste ano, enviamos ofício ao Conselho de Ética do COB manifestando nossa opinião que não cabe ao referido Conselho julgar casos que aconteçam fora do âmbito da atividade esportiva, conforme consta no próprio Código de Conduta Ética do COB, mais especificamente no Artigo 3º, tanto no caput quanto no parágrafo único, onde consta que o Código “rege atos e relações jurídicas constituídas no âmbito da atividade esportiva”.
O desrespeito à jurisdição e ao próprio Código de Conduta Ética do COB poderá abrir precedentes extremamente prejudiciais ao movimento olímpico."
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.