Jerusa Geber, aos 43 anos, compete ao lado de seu atleta-guia Gabriel Garcia nas provas da classe T11Thibaud MORITZ / AFP
Jerusa Geber destaca importância do esporte paralímpico: 'Me tirou da depressão'
Recordista do Brasil em Mundiais de Atletismo começou a carreira no Acre
A trajetória de Jerusa Geber, a maior medalhista do Brasil em Mundiais de Atletismo Paralímpico, com 13 pódios nas provas de T11 (classe destinada a deficientes visuais), começou quando tinha cerca de 20 anos. Ela nasceu totalmente cega, mas algumas cirurgias a possibilitaram enxergar um pouco. Aos 18 anos, porém, voltou a perder totalmente a visão.
Quando terminou o ensino médio, entrou em depressão pela incerteza do que iria fazer a partir dali. Até que o convite de um amigo, também deficiente visual e atleta, para conhecer o ginásio do Sesi de Rio Branco, mudou a vida de Jerusa.
"O esporte transforma vidas. Ele tira a gente da depressão, da tristeza, porque era o que eu estava. Eu terminei meu ensino médio, fiz o vestibular e não passei. E entrei naquela tristeza profunda. 'O que eu vou fazer agora?' Perdi a visão, não tenho o que fazer e estava em depressão. Tudo eu chorava. E foi quando apareceu o esporte. Onde a gente conhece tantas pessoas maravilhosas. Aprendi com tantas pessoas para chegar onde cheguei", destacou a atleta.
Graças ao convite do amigo, Jerusa começou no esporte só com uma caminhada, já que, segundo ela, era "muito fraquinha na época". Logo de cara, gostou dos treinamentos, foi evoluindo e, depois de um ano, já estava em sua primeira competição em São Paulo. Mas a realidade não era simples para uma atleta paralímpica no Acre no início dos anos 2000.
"A gente não tinha muito recurso lá. Pegava ônibus por três dias e chegava em São Paulo já muito cansada. E depois de uns cinco anos, no final de 2006, eu resolvi sair do Acre. Eu queria melhorar, mas eu sabia que se continuasse na minha cidade não ia ter condições. E foi quando eu comecei a conversar com treinadores. Até que um aceitou me ajudar, em Cuiabá, e foi onde eu conheci o meu esposo, que é o meu atual treinador, o Luiz Henrique. No primeiro ano, em 2007,a gente já participou do Mundial de Atletismo, e em 2008 foi nossa primeira Paralimpíada, em Pequim, onde a gente medalhou o bronze".
Ao todo, Jerusa Geber soma seis medalhas em Jogos Paralímpicos na carreira: dois ouros (100m e 200m em Paris 2024), duas pratas (100m e nos 200m em Londres 2012) e dois bronzes (200m em Tóquio 2020 e 100m em Pequim 2008). No Mundial de Atletismo Paralímpico que terminou no último domingo (5), em Nova Déli, na Índia, ela foi campeã nos 100m e nos 200m, e se tornou a maior medalhista do Brasil na competição, entre homens e mulheres, com 13 pódios no total.
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