Rio - Dos 22 jogadores que pisarão o gramado do Maracanã nesta tarde, só Leonardo Moura conhece a emoção de disputar uma final entre Flamengo e Vasco. Poucos, porém, vivenciaram a experiência com as duas camisas. Tita teve tal privilégio. E a mesma habilidade usada na época de jogador agora serve para evitar qualquer saia-justa. Criado na Gávea, multicampeão pelo Rubro-Negro e autor de gol do título vascaíno no Carioca de 1987 sobre o arquirrival, ele prefere o equilíbrio de quem fica em cima do muro.
As lembranças são muitas. Naquele 9 de agosto, Tita deu o título ao Vasco e depois comemorou enlouquecido com a camisa sobre o rosto, na vitória por 1 a 0. Em 28 de outubro 1979, fez o segundo e o terceiro gols no 3 a 2 para o Flamengo sobre o time de São Januário e levou a taça para a Gávea — também fez o arquirrival do Rubro-Negro de vice em 1978 e 1981.
“É muito difícil, se você ver a história dos dois clubes, são poucos os jogadores que tiveram a chance de ser feliz em ambos os lados. Você conta nos dedos. Fui campeão nos dois, fiz gol em final nos dois”, disse Tita, que não escolhe um lado da arquibancada hoje:
“Não tenho isso de torcer por um. Fico feliz de ver os dois times que eu joguei estarem numa final importante, merecida. O Flamengo foi líder geral, e o Vasco foi crescendo, fez uma boa semifinal contra o Fluminense. Não tenho um lado torcedor. Sou profissional. Tenho respeito e carinho, aprendi a gostar dos dois times.”
Pelo Flamengo, Tita conquistou quatro Cariocas (1978, 1979, 1979 — edição especial — e 1981); dois Brasileiros (1980 e 1982); a Libertadores e o Mundial de 1981. Com a camisa do Vasco, o Estadual de 1987 e o Brasileiro de 1989.
Além disso, viveu dentro de campo a transformação do duelo na maior rixa do Rio. Nesses oito anos sem finais entre Fla e Vasco, a rivalidade ficou adormecida, mas, agora, entra em erupção.
“Quando eu era garoto, o grande clássico do Rio era o Fla-Flu. O Fluminense tinha a máquina em 1975, mas começou a vender jogadores. Foi nessa fase. Comecei em 1977. O Vasco tinha um grande time, com Roberto Dinamite & Cia. A rivalidade mudou”, afirmou o ex-meia, que não arrisca palpite na decisão.
“Final vence quem aproveitar melhor as chances, for mais inteligente, dividir a bola com mais vontade, se doar. Tudo isso contribui com resultado final. Está aberto, a moeda está no ar”, avisa.