Rio - Depois da batalha travada nos bastidores, cercada de polêmica, Vasco e Fluminense decidem hoje, às 17h, no Maracanã, o título da Taça Guanabara, em clima nada amistoso. Alvo de discórdia, o Setor Sul da arquibancada ficará com a torcida do Vasco. Contrariado, o presidente Pedro Abad acusou o rival e o consórcio que administra o estádio de descumprirem a decisão judicial de sexta-feira, que determinava a execução do contrato firmado pelo Tricolor em 2013.
"O Fluminense não concorda em nada com a organização desse jogo. Mas quero chamar nosso torcedor para a guerra. Quero dizer que nossos jogadores estão se matando de treinar. E temos que ganhar. Nós vamos ganhar, vamos para dentro. O time precisa do torcedor. Quero que lotem aquele setor que não é o nosso. Mas o time é mais importante do que essa questão", disse Abad.
Ainda de luto pelo trágico incêndio que vitimou dez atletas do Flamengo no alojamento da base, no Ninho do Urubu, na semana passada, o ambiente no Rio ficou tenso às vésperas da decisão e aumentou a preocupação do Batalhão Especializado em Policiamento de Eventos (Bepe). O tenente-coronel Silvio Luiz confirmou o aumento do efetivo para 400 policiais para a final, maior do que o utilizado no Fla-Flu, pela semifinal.
"Não houve consenso. Existe a posição da federação, do Bepe, do Vasco e do próprio Maracanã. Existe uma decisão liminar que não é possível de ser executada. Mais de 20 mil ingressos foram vendidos", disse o presidente do Vasco, Alexandre Campello.
Definido como o mandante, em sorteio realizado na sede da Federação de Futebol do Rio (Ferj), o Vasco iniciou a venda de ingressos para o Setor Sul na sexta-feira, sem consultar o Fluminense. Em 2013, o Tricolor firmou um contrato, com validade de 35 anos, com o consórcio que administra o Maracanã e assumiu o cobiçado lado. Em negociação paralela, o Flamengo assumiu o Setor Norte.
venda de ingressos
Por possuírem estádios próprios (Nilton Santos e São Januário, respectivamente), Botafogo e Vasco ficaram fora da licitação. Primeiro campeão carioca do Maracanã, em 1950, o Vasco alega ter o direito 'histórico' de usar o lado sul da arquibancada. Abad e Campello se reuniram ontem na sede da Ferj, mas não chegaram a um consenso. O mandatário tricolor se eximiu de qualquer responsabilidade em caso de confusão.
"Quero dizer que se tiver confusão, se tiver briga, se tiver acidente, se tiver morte, podemos responsabilizar as pessoas que produziram essa aberração", afirmou Abad.
Depois de dois dias de impasse, o Vasco, até o fechamento desta edição, aguardava a liberação da Justiça para voltar a vender ingressos para o Setor Sul, com preços entre R$ 40 e R$ 250. Das 10h às 17h45 de hoje, o torcedor tricolor vai poder comprar ingressos nas bilheterias 1 e 4 do Maracanã.
