Lucivam Araújo (ao centro) começou projeto social com filho e hoje atende cerca de 250 pessoas (Foto: Raphael Tavares / @raphaotv)
"O Projeto Social Lucivam Araújo na verdade nasceu de uma brincadeira com meu filho. Eu trabalhava a semana toda, já era faixa-preta, tinha sido pai, família constituída... Meu filho tinha 7 anos, eu nunca tinha pensando em dar aulas, mas começamos a brincar em casa mesmo e depois o levei em um projeto social. Porém, por conta das dificuldades, que são muitas, o projeto fechou. Senti ali uma necessidade de fazer acontecer, e como eu tinha umas placas de tatame em casa, fui dando aula para o meu filho, depois vieram uns amigos dele. No início eram 5, depois 15 e quando eu pisquei tinham 30 crianças se juntando pra treinar lá (risos)", relembrou o faixa-preta, que continuou:
"Eu fui vendo a alegria deles, pegando gosto e usando a didática que aprendi com o tempo para ensinar. Depois estudei até chegar onde estou hoje. Recebemos desde crianças com 4 anos até pessoas de 70 anos com obesidade, são cerca de 250 ao todo hoje em dia, sendo 70 no time de competição. Temos filiais em diversos lugares de Manaus, professores formados por mim que começaram ainda na faixa-branca e eu fico mais na gestão, trabalhando para seguirmos crescendo".
Hoje um exemplo para os seus alunos, especialmente os mais jovens, Lucivam Araújo sabe da importância de formar campeões dentro e fora do tatame. Por isso mesmo, conta com o apoio de diversos atletas construídos por ele para dar continuidade ao projeto social.
"Temos um local principal de treino para o pessoal, professores diferentes responsáveis pelas aulas, fora os outros que estão espalhados por Manaus ministrando aulas, alguns até formando atletas nos seus projetos. Já existem nomes que saíram daqui e hoje despontam nas faixas coloridas, como o Guilherme Theo, por exemplo".
Atualmente faixa-azul da Dream Art, uma das maiores equipes profissionais de Jiu-Jitsu do mundo e com base em São Paulo, Guilherme é cria do Projeto Social Lucivam Araújo: "Ele estava com a gente desde a faixa-branca e foi selecionado (para a Dream Art). Sempre batemos nessa tecla de trabalhar duro, formar um atleta de ponta, afiado para as competições, sempre em torneios federados, o que trouxe visibilidade para o Guilherme. Ele chegou em São Paulo merecidamente, através do ótimo desempenho que teve em Manaus. Quando ele soube do convite, falou comigo e minha resposta foi: 'Vamos fazer acontecer'. Até hoje converso com ele, dou suporte. É uma referência positiva para a molecada daqui que sonha em viver do Jiu-Jitsu".
Guilherme Theo, entretanto, não é o único, e o time segue ajudando jovens a conquistar uma vida melhor pelo esporte. Sobre os requisitos para participar do Projeto Social Lucivam Araújo, o faixa-preta afirmou.
"Tem que estar estudando, mostrar boletim, ter autorização dos pais para treinar, passar primeiro por uma conversa comigo, para vermos o que pode ser feito e qual a metodologia a ser aplicada. A gente também busca ver o estado de saúde se é criança, se não tem alguma lesão, e é basicamente isso. Para os adultos, a gente sempre pergunta se tem alguma experiência ou está começando do zero, qual a pretensão no Jiu-Jitsu, porque muitos buscam o nosso projeto como uma válvula de escape".
Por fim, Lucivam Araújo falou sobre o que o motiva para seguir desenvolvendo o projeto social: "Somos um projeto 100% gratuito, ninguém paga nada, mas mesmo com todas as dificuldades, seguimos trabalhando e crescendo. Obvio, precisamos de apoio, cada vez mais importante, mas o que me motiva é dormir tranquilo, saber que eu estou mostrando que as pessoas têm capacidade de superar suas dificuldades, alcançar um objetivo, estudar e buscar uma melhoria de vida", encerrou.
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