Imagem ilustrativa de uma pessoa fazendo um teste rápido para detectar alguma enfermidadeFreepik - Creative Commons

Guapimirim – Farmácias e consultórios de Guapimirim, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, e de outras partes do Brasil poderão, em breve, realizar exames de análises clínicas (EACs), tais como testes rápidos de HIV, sífilis, hepatite C, rubéola, antígeno de dengue, entre outras doenças. A decisão foi tomada pela Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na última quarta-feira (3/5) e entrará em vigor a partir do próximo dia 1º de agosto.
Os EACs são todos aqueles feitos a partir de material biológico humano, como tecidos, secreções, fluído, sangue, urina e fezes, por exemplo.
A medida cria nova categorização de serviços de saúde:
* Serviços tipo I: farmácias e consultórios isolados.
* Serviços tipo II: postos de coleta.
* Serviços tipo III: laboratórios clínicos, laboratórios de apoio e laboratórios de anatomia patológica.
De acordo com o ente regulador, os serviços tipo I e tipo II poderão realizar exames de análises clínicas, contanto que todas as etapas de exame após a coleta sejam feitas no próprio estabelecimento e cujos testes não ultrapassem nem substituam os diagnósticos laboratoriais convencionais.
A Anvisa ainda não especificou quais exames poderão ser feitos em farmácias e consultórios, contudo a lista pode incluir cerca de 50 tipos de exames distintos, inclusive de tipo sanguíneo, de febre amarela, de zika, de intolerância alimentar e de PSA para diagnosticar câncer de próstata. É sabido que as farmácias realizam, atualmente, apenas testes rápidos de glicemia e de coronavírus.
Um novo mercado consumidor se abre a partir da recente decisão da Anvisa, principalmente para as grandes redes farmacêuticas e de consultórios. A possibilidade de realização de testes rápidos em farmácias e consultórios é um modo de democratizar o acesso rápido a diagnósticos e a serviços básicos de saúde, tendo em vista a superlotação na rede pública de saúde. O órgão federal justifica a nova medida à evolução do setor de diagnósticos e a uma defasagem nos serviços frente à realidade tecnológica.
Antes de continuar, é preciso frisar que os testes rápidos, como o próprio nome diz, não substituem os exames laboratoriais específicos. Um teste rápido de HIV será capaz de dizer se uma pessoa está com o vírus ou não. Somente o exame cujo material biológico seja analisado em laboratório poderá dizer quantas cópias do vírus há em um mililitro de sangue em caso de positivo.
Vale destacar que testes rápidos de HIV, sífilis e hepatites B e C, por exemplo, são feitos gratuitamente na rede pública de saúde – nas esferas municipal, estadual e federal – e que o tratamento para todas essas doenças é oferecido de imediato pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a todos os pacientes, independentemente da situação econômica. O resultado sai em poucos minutos. Para além da medicação, o sistema público de saúde tem como protocolo uma política de acolhimento aos pacientes com aconselhamento, acompanhamento e atendimento psicológico.
Para comentar o aspecto citado acima, O DIA consultou a psicóloga Maria Thereza Toledo, que destacou que o HIV ainda é uma enfermidade estigmatizada. “Há pessoas mais frágeis emocionalmente, e por isso o suporte dado pelo SUS é um caso de sucesso. As doenças sexualmente transmissíveis, como o HIV, ainda são muito estigmatizadas. O preconceito e a exclusão social se somam à preocupação com a saúde física, tornando a experiência de quem vive com o vírus mais dolorosa”, opinou.
Será necessário saber o protocolo a ser adotado por farmácias e consultórios após os clientes – ou pacientes – receberem um resultado positivo para determinadas doenças, se haverá algum tipo de orientação para que busquem atendimento médico na rede pública ou privada de saúde, se haverá algum tipo de notificação ao Ministério da Saúde. É impossível não imaginar como eles reagiriam nesses locais ao descobrirem ser portadores de HIV, por exemplo.
A reportagem decidiu focar no HIV, na sífilis e nas hepatites B e C por conta dos riscos e das formas de contaminação a outras pessoas e, também, devido à complexidade do tratamento. Mesmo sem cura, indivíduos soropositivos conseguem levar uma vida normal graças aos antirretrovirais que reduzem e controlam a carga viral em alguns meses.