Desde a campanha presidencial, Trump defende a construção de um muro nos mais de 3 mil km de fronteira, que quer que seja pago pelo México - AFP
Desde a campanha presidencial, Trump defende a construção de um muro nos mais de 3 mil km de fronteira, que quer que seja pago pelo MéxicoAFP
Por AFP

Jerusalém - A decisão dos Estados Unidos de transferir sua embaixada para Jerusalém, que será inaugurada na segunda-feira, é um reconhecimento de fato da cidade como capital de Israel e um desafio para os palestinos e o restante do mundo em um contexto de tensões na região.

A abertura, prevista para a segunda-feira, ocorre em um contexto especialmente tenso, após semanas de enfrentamentos na Faixa de Gaza entre palestinos e israelenses, que deixaram vários mortos.

Esta semana, Trump anunciou, ainda, que os Estados Unidos vão se retirar do acordo nuclear com o Irã, uma decisão que gera mais incertezas no Oriente Médio, onde a guerra na Síria também implica várias potências regionais.

Neste sentido, Israel lançou na quinta-feira uma grande ofensiva contra alvos iranianos na Síria, replicando disparos de foguetes que atingiram a parte do Golã, ocupada por Israel.

Cerca de 800 pessoas estão convidadas à cerimônia no prédio que até agora sedia o consulado americano em Jerusalém.

Embora Donald Trump não esteja presente, espera-se uma importante delegação de Washington, liderada pelo vice-secretário de Estado, John Sullivan, a filha de Trump, Ivanka, seu marido e assessor do presidente, Jared Kushner, e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin.

A transferência da embaixada foi qualificada de "histórica" pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que incentiva outros países a fazer o mesmo.

"A decisão ousada do presidente Trump empurrou outros países, agora já são alguns tantos, que também têm previsto deslocar sua embaixada para Jerusalém", disse Netanyahu ao secretário de Estado americano, Mike Pompeo, quando visitou Tel Aviv no mês passado.

O encarregado palestino, Nabil Shaath, assegurou na quarta-feira que Trump "apoia a expulsão do nosso povo de Jerusalém e está dando a oportunidade a Israel de violar todas as leis internacionais".

Confrontos em Gaza 
A data da inauguração, 14 de maio, também é simbólica, porque é o dia em que se comemoram os 70 anos da criação do Estado de Israel.

Um dia depois, em 15 de maio, os palestinos relembram a "Nakba" ("Catástrofe"), o êxodo de mais de 700.000 palestinos que fugiram de suas casas em 1948 como consequência da criação de Israel.

Os palestinos já anunciaram protestos tanto em 14 quanto em 15 de maio.

Desde 30 de março, pelo menos 52 palestinos morreram pelas mãos das forças israelenses em confrontos na fronteira de Gaza.

Acusado de fazer uso excessivo da força, Israel assegura que só atira caso necessário para evitar os ataques à barreira fronteiriça e acusa o movimento islamita Hamas, que controla a Faixa de Gaza, de incentivar os protestos.

Israel ocupou a Cisjordânia e Jerusalém oriental em 1967 na Guerra dos Seis Dias. Mais tarde, anexou Jerusalém oriental, embora não tenha obtido o reconhecimento internacional.

Israel considera toda a cidade sua capital, enquanto os palestinos querem que Jerusalém oriental seja a capital de seu futuro Estado.

Durante décadas, houve um consenso diplomático para que o estatuto de Jerusalém fosse uma decisão negociada entre as duas partes.

Mas nos Estados Unidos Israel tem grande apoio no Partido Republicano e Trump decidiu transferir a embaixada, apesar das advertências de que sua decisão pode enterrar definitivamente a solução de dois Estados para resolver o conflito.

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