Um vendedor segura um jornal referindo-se à vitória do presidente reeleito Nicolas Maduro na eleição presidencial venezuelana em Caracas - AFP photo/ Luis Robayo
Um vendedor segura um jornal referindo-se à vitória do presidente reeleito Nicolas Maduro na eleição presidencial venezuelana em CaracasAFP photo/ Luis Robayo
Por O Dia

Bruxelas - Com a vitória de Nicolás Maduro na eleição presidencial da Venezuela no domingo a Europa estudará medidas contra o governo chavista. Diplomatas em Bruxelas indicaram ao jornal Estado de São Paulo que, desde o fim de semana, são realizadas conversas nos bastidores entre as principais chancelarias do bloco para definir uma linha de atuação.

Também nesta segunda, o Brasil e 13 países da região, conhecidos como o Grupo de Lima, informaram que também não reconhecem o resultado da eleição venezuelana e prometeram adotar medidas diplomáticas e econômicas contra o governo de Nicolás Maduro.

Um dos principais promotores de uma resposta dura da Europa a Caracas é o governo espanhol de Mariano Rajoy. Tradicionalmente contrário ao regime chavista, Rajoy tenta há meses convencer o restante da União Europeia (UE) a adotar uma postura mais crítica, incluindo a aplicação de sanções. Mas, por falta de consenso, o bloco tem se limitado a criticar o processo eleitoral e adotar medidas pontuais.

Negociadores europeus ouvidos pela reportagem indicaram que aguardavam a realização da votação, numa espécie de chance que se dava para que Maduro sinalizasse com algum tipo de abertura democrática. Mas diante do processo eleitoral do fim de semana, a única opção de Bruxelas foi restabelecer contatos para adotar medidas.

Nas redes sociais, Rajoy deixou claro que esse será o caminho. "No processo eleitoral na Venezuela não se respeitou os mínimos padrões democráticos", escreveu. "A Espanha estudará com seus sócios europeus medidas oportunas e seguirá trabalhando para paliar o sofrimento dos venezuelanos", afirmou.

Apoio

Duas das maiores potências mundiais, porém, fizeram questão de sair ao apoio a Maduro nesta segunda-feira. Na Rússia, o governo de Vladimir Putin atacou a intervenção estrangeira no processo eleitoral em Caracas.

"Lamentamos que nessas eleições, além dos dois tradicionais participantes - o povo e os candidatos - existiu também um terceiro participante: os governos que abertamente pediram por um boicote ao voto", declarou Alexander Schetinin, diretor do Departamento de América Latina da chancelaria russa.

Segundo Schetinin, governos estrangeiros chegaram a colocar obstáculos para que venezuelanos pudessem votar no exterior. "O pior é que muitos governos chegaram a dizer que não iriam reconhecer o voto, antes mesmo de ele ocorrer", disse o russo, de acordo com a agência estatal Interfax.

"As eleições foram realizadas e o resultado tem um caráter irreversível: dois terços dos votos foram para Nicolás Maduro", completou.

Um tom similar foi anotado pela China, importante aliada de Caracas. "As partes envolvidas devem respeitar a decisão do povo venezuelano", disse o porta-voz da chancelaria chinesa, Lu Kang. Para Pequim, disputas sobre o resultado devem ser tratadas por meio dos tribunais e sempre considerando a lei.

Os chineses, responsáveis por importantes investimentos no setor de energia, indicaram que adotam como tradição a não ingerência em assuntos domésticos de outros países.

No domingo mesmo, 23 ex-presidentes ibero-americanos emitiram um duro comunicado, fazendo um apelo para que a comunidade internacional não reconheça a "farsa eleitoral" na Venezuela. O grupo inclui nomes como Felipe González, Ricardo Lagos, Andrés Pastrana e Oscar Arias.

No documento, os líderes pedem que governos retirem seus embaixadores de Caracas, que a Venezuela seja suspensa da Organização dos Estados Americanos (OEA), e que Maduro seja levado ao Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes contra a humanidade.

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