Roma - O presidente italiano, Sergio Mattarella, instruiu nesta quarta-feira Giuseppe Conte, advogado proposto pelo movimento antissistema e pela extrema-direita, a formar o próximo governo do país, após 80 dias de negociações.
"O presidente da República, Sergio Mattarella, recebeu esta tarde o professor Giuseppe Conte, a quem concedeu o mandato para formar o governo", declarou à imprensa Ugo Zampetti, secretário-geral da Presidência.
O Movimento 5 Estrelas (M5S) e a Liga (de extrema-direita), que dispõem de uma curta maioria no Parlamento, apresentaram na segunda-feira à noite o nome de Conte ao presidente.
Aos ser confirmado para o cargo, Conte afirmou que deseja "confirmar o lugar da Itália na Europa e no mundo".
"Minha intenção é dar vida a um governo que esteja ao lado dos cidadãos, que garanta seus interesses", concluiu o acadêmico e advogado de 53 anos, até então desconhecido no exterior e do grande público.
Ele também assegurou que participou na elaboração do programa comum apresentado pelo M5S e a Liga, que vira às costas para a austeridade e exige a renegociação dos tratados europeus.
"Com o presidente da República, conversou sobre a fase delicada e importante que estamos vivendo. Além disso, o país espera o nascimento de um governo da mudança, que atenda às expectativas", declarou.
Mattarella deverá ainda aprovar os ministros designados por Conte.
Segundo a imprensa italiana, Matteo Salvini, líder da Liga, é candidato para ocupar o ministério do Interior, enquanto Luigi Di Maio, dirigente do M5S, poderia assumir a pasta de Desenvolvimento Econômico.
Segundo a imprensa italiana, as hesitações do presidente vem também do nome cotado pelos dois aliados para ocupar a pasta de Economia: Paolo Savona, um ex-ministro (1993-1994) de 81 anos que considera o euro como uma "jaula alemã" para a Itália.
Mattarella reivindica garantias quanto ao respeito dos compromissos europeus e internacionais.
Esta incerteza contribuiu para o nervosismo dos mercados financeiros, tensos há uma semana.
Desde terça-feira, Conte vem perdendo credibilidade em razão das acusações de que teria manipulado seu currículo.
O caso começou com algumas linhas em seu currículo, no qual ele evoca trabalhos de "aperfeiçoamento jurídico" nas prestigiosas universidades de Yale, Sorbonne, Cambridge, New York University (NYU), ou ainda no International Kultur Institut, de Viena.
À AFP, a NYU disse não ter registros dele, salvo uma autorização de acesso à sua biblioteca. A Duquesne University, de Pittsburg, também citada no CV, disse que ele já passou pela instituição no âmbito de um intercâmbio com sua universidade romana.
As outras universidades entrevistadas pela AFP não se pronunciaram em nome da confidencialidade.