O Chefe de Gabinete da Casa Branca John Kelly acompanha o norte-coreano Kim Yong Chol em direção à Casa Branca em Washington, DC - Saul Loeb/ AFP
O Chefe de Gabinete da Casa Branca John Kelly acompanha o norte-coreano Kim Yong Chol em direção à Casa Branca em Washington, DCSaul Loeb/ AFP
Por AFP

Washington - Os preparativos para uma reunião de cúpula histórica entre Donald Trump e Kim Jong Un prosseguem nesta sexta-feira, dia em que o presidente americano espera "ansioso" receber uma carta do líder norte-coreano.

O general Kim Yong Chol, braço direito de Kim, viaja para Washington nesta sexta-feira após os "progressos reais" de suas conversas em Nova York com o secretário de Estado, Mike Pompeo, para concretizar a reunião planejada para 12 de junho.

Os acontecimentos dos últimos dias alimentam a esperança de uma guinada diplomática, uma semana depois de Trump ter anunciado o cancelamento do encontro de cúpula, alegando a "aberta hostilidade" norte-coreana. Um dia depois, o presidente americano recuou parcialmente.

Desde então, os diplomatas dos dois países estão em negociações intensas, até o promissor encontro entre Pompeo e o general Kim Yong Chol em Nova York.

Paralelamente, o chanceler russo, Serguei Lavrov, teve uma reunião com Kim Jong-un em Pyongyang. De acordo com a agência oficial KCNA, o líder norte-coreano disse que a vontade da República Democrática da Coreia de seguir para a desnuclearização segue sem mudanças, coerente e fixa.

Porém, não está claro se a visão da Coreia do Norte de uma "desnuclearização" em troca de garantias de segurança e alívio das sanções é compatível com a demanda de Washington de um desmantelamento "completo, verificável e irreversível" do programa nuclear de Pyongyang.

Muitos analistas esperam que Kim, talvez com o apoio tácito da China, solicite uma redução da presença militar dos Estados Unidos na Coreia do Sul e flexibilize as garantias que apresenta a seu aliado Japão.

Pompeo deu a entender que as coisas avançam no caminho certo.

"Será necessária uma liderança corajosa do presidente Kim Jong-un se conseguirmos aproveitar esta oportunidade única para mudar o rumo do mundo", destacou.

"O presidente Trump e eu acreditamos que o presidente Kim é o tipo de líder que pode tomar esse tipo de decisão e, nas próximas semanas e meses, teremos a oportunidade de provar que este é o caso", completou.

Mudança estratégica

Kim Yong-chol, o funcionário de maior nível da Coreia do Norte a visitar os Estados Unidos em 18 anos, deve entregar a Trump uma carta do líder norte-coreano, algo que o presidente americano disse esperar "ansioso".

Pompeo advertiu, porém, que a mensagem em si não resolverá necessariamente os assuntos pendentes no caminho da reunião de cúpula.

"Este é um desafio difícil, difícil. Não se deixem enganar. Ainda há muito trabalho a fazer", afirmou Pompeo, em referência às conversas em Cingapura e na zona desmilitarizada da península coreana.

O secretário de Estado indicou, no entanto, que, depois de duas reuniões com Kim Jong-un e três com Kim Yong-chol, considera que a Coreia do Norte está ao menos pronta para considerar as exigências americanas de desnuclearização.

"Acredito que estamos contemplando um avanço no caminho. Eles podem fazer uma mudança estratégica. Uma que seu país não estava preparado para fazer antes. Obviamente esta é um decisão deles", disse Pompeo.

Washington deseja que Pyongyang aceite que o desarmamento nuclear esteja no centro da agenda da reunião de cúpula e adverte que, sem isso, não há retirada de sanções possível.

Consultado se a resposta viria na carta de Kim a Trump, Pompeo disse não saber, mas destacou: "Fizemos progressos reais nas últimas 72 horas para estabelecer as condições da cúpula".

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