Buenos Aires - O governo argentino anuncio, nesta quinta-feira, um acordo stand-by com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que colocará US$ 50 bilhões a disposição do país durante 36 meses. Esta é a primeira vez que a Argentina recorre à instituição internacional desde 2005.
A decisão de pedir um empréstimo preventivo (que não será necessariamente usado, mas cujo desembolso depende do cumprimento de determinadas metas) foi tomada pelo presidente Maurício Macri depois que o país enfrentou uma corrida cambial em maio.
“Um aspecto muito importante desse acordo são as cláusulas sociais, inéditas”, disse o ministro da Fazenda, Nicolas Dujovne. O acordo prevê mais flexibilidade no cumprimento de metas, caso o país sinta a necessidade de investir mais em planos sociais. Tanto na crise argentina de 2001, quando nas mais recentes crises enfrentadas pela Espanha e pela Grécia, o FMI foi criticado ao cobrar ajustes maiores dos que a sociedade era capaz de enfrentar.
O principal desafio do governo argentino será reduzir o gasto público e a inflação, que este ano supera os 20%. O Banco Central prometeu reduzir o índice inflacionário a 17% até o final de 2019 e até 13% em 2020. Se as metas forem cumpridas, a Argentina terá uma inflação de 9% em 2021.
O acordo também prevê um déficit fiscal de 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano e de 1,3% em 2019. O presidente do Banco Central da Argentina, Federico Sturzenegger, disse que a entidade deixará de financiar o Tesouro – e com isso reduzirá os gastos do governo. “Durante 70 anos convivemos com a inflação porque o Banco Central transferia recursos ao Tesouro para financiar o déficit”, disse. “Vamos apagar o que os argentinos chamam de maquininha [de imprimir dinheiro]”.
Segundo Dujovne, o acordo “evitou uma crise” na Argentina, que foi afetada pela decisão dos Estados Unidos de aumentar as taxas de juros, pela desvalorização de várias moedas de economias emergentes (entre elas o real) e também por uma seca, que resultou numa queda de US$ 8 bilhões nas exportações agrícolas. O governo também enfrenta as pressões dos sindicatos, que exigem aumentos salariais para fazer frente ao aumento do custo de vida que, em 2017, superou os 20%.