A polícia da França investiga as motivações do crime. - Thomas SAMSON / AFP
A polícia da França investiga as motivações do crime.Thomas SAMSON / AFP
Por AFP

Paris - Um homem armado com uma faca matou nesta quinta-feira a mãe e a irmã e feriu outra pessoa em uma cidade a 30 km de Paris, antes de ser morto pela polícia, que não informou até o momento se o ataque - reivindicado pelo Estado Islâmico - foi um ato terrorista.

O agressor de 36 anos, que segundo a polícia tinha ficha por apologia ao terrorismo e "problemas psiquiátricos importantes", foi morto pela polícia quando saiu da casa em que estava entrincheirado para enfrentar os agentes.

As motivações do ataque não foram determinadas, mas o grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou o ato.

"O autor do atentado na cidade de Trappes é um dos combatentes do Estado Islâmico e executou o ataque em resposta ao apelo para atacar cidadãos dos países da coalizão internacional", afirmou a Amaq, a agência de propaganda do grupo extremista, menos de duas horas depois da ação.

Os analisas, no entanto, pedem cautela a respeito dos anúncios do grupo. No último ano surgiram dúvidas sobre a veracidade das reivindicações do EI.

"Não devemos esquecer que em 2017 tivemos três exemplos de reivindicações sem sentido do EI: o ataque a uma discoteca em Manila, explosivos em Orly (aeroporto de Paris) e o massacre de Las Vegas, que foi reivindicado, mas do qual não foi possível estabelecer nenhum vínculo com o EI", disse à AFP Jean-Charles Brisard, presidente do Centro de Análises do Terrorismo.

O suspeito tinha problemas psiquiátricos "importantes" e um perfil mais voltado para o "desequilibrado" que de um soldado "sob as ordens do EI", destacou o ministro do Interior, Gérard Collomb, que seguiu imediatamente para Trappes.

O criminoso tinha ficha policial desde 2016 por apologia ao terrorismo, segundo uma fonte oficial. Em função da identidade das vítimas, mo entanto, a polícia também investiga um possível drama familiar.

Segundo vários moradores da área, o agressor estava separado da mulher e não via os filhos há muito tempo.

"Eu costumava beber café com ele, mas não o via há um mês", disse Pascal, um homem de 59 anos que diz conhecer bem o agressor. Os primeiros rumores na imprensa de que possivelmente foi um ataque jihadista não o convecem. "Falaram de um terrorista, mas ele não é um terrorista, ele é um cara que perdeu a cabeça", disse ele.

O Departamento Antiterrorista do Ministério Público de Paris não abriu uma investigação até o momento.

O ataque aconteceu um dia depois da divulgação de uma mensagem de áudio do líder do EI, Abu Bakr Al Bagdadi, na qual, após um ano de silêncio, pede a seus partidários que continuem com a "jihad".

A mensagem foi divulgada no momento em que o grupo extremista está encurralado na Síria e foi expulso de todos os centros urbanos do Iraque, depois de ter controlado grandes faixas de território nos dois países.

A França vive em estado de alerta ante a ameaça extremista desde uma onda de atentados sem precedentes em sua história em 2015. Este ano foi alvo de dois ataques que deixaram cinco mortos.

Trappes é um subúrbio parisiense pobre, localizado a 30 quilômetros da capital francesa. Grande parte de seus 30.000 habitantes têm origem estrangeira e o índice de desemprego na área é duas vezes maior que a média nacional.

Também é conhecida por ser uma das localidades de onde mais jovens (quase 50) saíram para combater ao lado do grupo Estado Islâmico no Iraque e na Síria, informou recentemente à AFP o prefeito da cidade.

Você pode gostar