Vaticano - O arcebispo Carlo Maria Vigano fez novas acusações contra o Papa, desta vez relacionadas ao seu encontro com uma opositora ferrenha ao casamento gay, em carta publicada por um site americano e revelada por um blog italiano.
Na carta, Vigano, ex-embaixador do Vaticano nos Estados Unidos, afirma que o Papa Francisco havia sido informado sobre a personalidade de Kim Davis, que se opõe há anos ao casamento gay, antes de se reunir com a mesma durante sua visita a Washington em 2015.
Kim Davis, secretária judicial do condado americano de Kentucky, recusou-se a assinar certidões de casamento de pessoas do mesmo sexo, apesar da pressão judicial, inclusive da Suprema Corte, e de ter sido presa por alguns dias.
Segundo Vigano, dois dos principais colaboradores do Papa - o secretário de Estado do Vaticano, Angelo Becciu, e o secretário das Relações com os Estados, Paul Gallagher - aprovaram o encontro entre o Papa e Kim Davis.
Vigano já havia acusado o Papa de ter encoberto por cinco anos o cardeal Theodore McCarrick, acusado de abusos sexuais. Segundo Vigano, ele advertiu Francisco no começo de seu pontificado, em 2013, sobre os supostos abusos sexuais contra menores cometidos pelo cardeal americano.
O encontro entre Francisco e Kim Davis aconteceu na nunciatura em Washington, e dezenas de pessoas foram convidadas.
"O Papa não sabia com detalhes da situação de Kim, e seu encontro com a mesma não deve ser visto como uma forma de apoio à sua posição em todas essas questões particulares e complexas", afirmava o comunicado publicado pelo Vaticano na ocasião, ante a polêmica midiática gerada pelo tema.
Vigano nega esta informação e afirma que informou Francisco sobre a possibilidade deste encontro com Kim. Segundo o arcebispo, Jorge Bergoglio o aprovou, com a condição de que também fosse autorizado pelo secretário de Estado, Pietro Parolin, seu principal colaborador.
A carta de Vigano foi publicada pelo site americano Lifesitenews.com (contrário ao aborto e defensor da família tradicional), tanto na versão original, em italiano, quanto na versão em inglês.
O escrito também foi divulgado hoje pelo jornalista italiano Marco Tosatti, autor de um dos blogs mais críticos do Papa. Tosatti reconheceu ter ajudado Vigano na redação de um primeiro texto contra o pontífice.
O Vaticano não comentou as novas acusações de Vigano.