Apesar de não ter participado da cerimônia de posse de Bolsonaro, Mauricio Macri chega agora acompanhado de um time importante de ministros - AFP/Laureano SALDIVIA
Apesar de não ter participado da cerimônia de posse de Bolsonaro, Mauricio Macri chega agora acompanhado de um time importante de ministrosAFP/Laureano SALDIVIA
Por AFP

Buenos Aires - As manifestações contra a política econômica do presidente de centro-direita Mauricio Macri acontecem quase todos os dias.

Nesta segunda-feira, Macri anunciou um novo pacote de austeridade que prevê impostos sobre as exportações e redução do tamanho do Estado visando o equilíbrio fiscal, por meio do qual busca enfrentar uma forte crise econômica, ao mesmo tempo em que renegocia as condições de um programa de ajuda de 50 bilhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Em vários bairros de Buenos Aires e em outras cidades do país, já foram feitos "panelaços" contra sua política de austeridade.

Embora essas mobilizações sejam bem menores do que as realizadas na crise de 2001, o descontentamento é generalizado.

"Estou desesperada. Me sinto impotente, tenho medo de passar fome e não poder mais pagar meus remédios quando me aposentar, daqui a um ano", diz Graciela Pérez, professora de 64 anos.

Crise de confiança

"As pessoas esperam uma melhora depois de dois anos. A paciência acaba, fica a impressão de que quem nos governa não está à altura dos desafios econômicos", comenta Antonio Buffo, de 50 anos.

Depois de fechar, em junho, um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para emprestar 50 bilhões de dólares em três anos, o governo agora negocia uma antecipação desses desembolsos em troca de um ajuste mais rigoroso.

Edith Zaida trabalha à noite. Cuida de uma idosa e ganha 12.000 pesos por mês (300 dólares), além de criar seus quatro filhos de entre 5 e 14 anos durante o dia.

"São empresários, governam para os ricos", acusa a mulher de 42 anos. "Cristina (Kirchner) cuidava mais dos pobres. Talvez tenha roubado, mas comemos bem com ela", afirma, referindo-se aos governos da ex-presidente, entre 2007 e 2015.

"Estou muito nervosa. Às vezes, começo a chorar de raiva", confessa.

A popularidade de Macri despencou consideravelmente neste ano.

"Mais uma crise", lamenta Imelda Rodríguez. "O dia a dia é cada vez mais difícil", completa.

A assistente de direção de 43 anos declara que é de direita, votou em Macri em 2015 e detesta Cristina Kirchner.

"Me decepcionou, mas não há alternativas políticas melhores. Com todos os sacrifícios que ele nos pede, espero que pelo menos esta política dê resultados a longo prazo", resigna-se.

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