Frances H. Arnold, George P. Smith e Sir Gregory P. Winter foram premiados com o Nobel de Química - AFP
Frances H. Arnold, George P. Smith e Sir Gregory P. Winter foram premiados com o Nobel de QuímicaAFP
Por AFP

Suécia - Os americanos Frances H. Arnold e George P. Smith e o britânico Gregory P. Winter são os vencedores do Prêmio Nobel de Química de 2018 pela aplicação dos princípios da evolução para desenvolver proteínas utilizadas que depois foram usadas para produzir de biocombustíveis a medicamentos. Os trabalhos dos três cientistas premiados prepararam o caminho para a produção de novos materiais, ou bicombustíveis mais limpos, assim como terapias inovadoras, destacou a Real Academia de Ciências da Suécia.

Frances H. Arnold, 62 anos, quinta mulher a vencer o Nobel de Química, receberá metade do prêmio de nove milhões de coroas suecas (1,01 milhão de dólares), enquanto Smith, nascido em 1941, e Winter, 67 anos, dividirão a outra metade. Os pesquisadores "domesticaram os princípios da evolução", abrindo caminho para a produção de biocombustíveis novos e mais limpos, além de terapias inovadoras, informou a Academia Real de Ciências sueca.

"Eles aplicaram os princípios de Darwin em tubos de ensaio. Eles usaram a compreensão molecular que temos do processo evolutivo e recriaram o processo em seus laboratórios", afirmou em uma entrevista coletiva o presidente do Comitê do Nobel, Claes Gustafsson.

A evolução dirigida é um conjunto de tecnologias que permite melhorar uma proteína, ou um ácido nucleico, ao reproduzir artificialmente o processo natural da evolução, embora buscando orientá-lo em uma direção escolhida. Essas técnicas têm duas vantagens principais: gerar diversidade, agindo sobre o DNA e direcionar o caráter das proteínas modificadas, um coquetel revolucionário para constituir bancos de anticorpos mais eficientes, produzir biomateriais mais resistentes e detergentes mais limpos.

"Já podemos explorar os mecanismos da evolução para produzir coisas que o homem não sabe conceber", afirmou em 2016 Frances Arnold, ao receber o prêmio Millenium Technology na Finlândia.

George Smith é o pai do chamado método de "phage display", que disseca o funcionamento de bacteriófagos (vírus naturais de bactérias) e o papel das proteínas na infecção. Já Gregory Winter usou essas descobertas na engenharia genética para codificar proteínas de maneira diferente e produzir anticorpos eficazes.

"O uso de anticorpos levou a uma mudança de paradigma na forma como tratamos várias doenças e trouxe benefícios significativos para pacientes em todo mundo", comemorou Alan Boyd, da Universidade de Medicina Farmacêutica em Londres.

"Estou chocado e feliz, mas mais chocado", reagiu Gregory Winter, em declarações à agência de notícias sueca TT. "Espero que eles tenham feito a escolha certa", brincou. "Fui apenas a pessoa certa na hora certa", declarou, por sua vez, George Smith, agora aposentado.

Antes de Frances Arnold apenas outras quatro mulheres foram premiadas com o Nobel de Química: Marie Curie (1911), Irène Joliot-Curie (1935), Dorothy Crowfoot Hodgkin (1964) e Ada Yonath (2009).

O prêmio de Medicina abriu a semana do Nobel em 2018, com a vitória do americano James Allison e do japonês Tasuku Honjo por trabalhos sobre a capacidade de defesa do corpo em relação a casos de câncer agressivos, como o de pulmão, ou o melanoma.

Na terça-feira, a canadense Donna Strickland se tornou a terceira mulher a vencer o Nobel de Física, compartilhado com outros dois cientistas: o francês Gérard Mourou e o americano Arthur Ashkin. O Nobel da Paz será anunciado na sexta-feira, em Oslo, antes do prêmio de Economia, que fechará a temporada na segunda-feira.

Pela primeira vez desde 1949, o anúncio do Prêmio Nobel de Literatura foi adiado em um ano pela Academia Sueca. A instituição sofre com divisões internas e a renúncia de vários integrantes, o que impede seu funcionamento normal.

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