Rio - Alunos brasileiros de mestrado passaram por uma situação de xenofobia no início da tarde desta segunda-feira na Faculdade de Direito de Lisboa, em Portugal. Havia no prédio da Cidade Universitária uma caixa com pedras e a mensagem: "Grátis se for para atirar a um zuca que passou à frente no mestrado". Zuca é como os brasileiros (brazucas) são chamados pelos portugueses, apelidados de 'tugas'.
As imagens da instalação foram divulgadas em redes sociais. Por volta das 17h30 da tarde, cerca de 30 estudantes brasileiros se uniram em protesto na porta da faculdade.
Maria Eduarda Calado é aluna de mestrado há oito meses na instituição. Ela é de Recife, Pernambuco, e conta que na sua turma de Direito Comercial Internacional, a maioria dos colegas são brasileiros. A jovem conta que este foi o primeiro episódio de xenofobia que enfrentou, mas piadas contra brasileiros são comuns.
Ela conta que o incidente desta segunda-feira aconteceu em meio a um processo de eleições para lideranças estudantis. "Todas as chapas estão se divulgando e colocam bancas para se eleger. Esta mesa tinha três ou quatro alunos. Pediam 'contribuição para alimentar animais' e ofereciam pedras para atirarem em Zuca que 'passou à frente no mestrado'. O responsável disse que era uma piada", conta.
A estudante diz que o calendário universitário atrapalha a inscrição de portugueses no mestrado: "Quando abriu o processo para o mestrado, entre maio e junho, o ano letivo da licenciatura em Direito, equivalente à graduação no Brasil, ainda não havia terminado. Por isso, muitos não conseguiram se inscrever para o mestrado que começou em setembro". Na primeira fase, explica, a maioria é de brasileiros.
A direção da faculdade divulgou uma nota dizendo que "se orgulha de ser um espaço de liberdade", que "convive com a autocrítica, o humor e a sátira", mas que "não tolera quaisquer ações ofensivas relativamente a alunos da faculdade".
Mais tarde, após ser cobrada por meio das redes sociais, a Universidade de Lisboa anunciou que os responsáveis pela instalação sofreriam um processo disciplinar.
