
"Temos que colocar um saco plástico sobre a roupa de proteção com a qual trabalhamos para que dure mais tempo", explicou.
O diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou que "a escassez crônica mundial de equipamentos de proteção individuais" para os trabalhadores da saúde representa uma "ameaça iminente" na luta contra a doença.
"Há muito desabastecimento de tudo e precisamos de muito trabalho para conseguir coisas simples como luvas, termômetros, paracetamol ou gel", afirmou à AFP Toni Dovale, jogador de futebol espanhol e farmacêutico, que trocou a bola pelo jaleco branco para lutar contra o avanço da pandemia.
Devido ao confinamento, ela não via o marido há 10 semanas. Uma eternidade para sua filha. "Ao vê-lo, ela correu para o pai e eu não consegui evitar o choro", afirmou à AFP.
As pessoas que desejam entrar na cidade são cuidadosamente examinadas: medição de temperatura, controle de identidade e perguntas sobre os deslocamentos anteriores.
Na França, o quinto país em número de mortos, o governo prolongou o confinamento por mais duas semanas, até 15 de abril, e avisou que os "próximos dias serão difíceis".
Neste sábado, pacientes da região leste do país, especialmente afetada pelo coronavírus, foram transferidos para a Alemanha em helicópteros militares.
O Reino Unido, onde o primeiro-ministro Boris Johnson anunciou que foi infectado, mas com sintomas leves, se prepara para uma onda gigantesca de pacientes nos hospitais.
A Rússia, último país importante que não havia adotado medidas de confinamento generalizado, decidiu fechar a partir deste sábado os restaurantes e a maior parte do comércio, antes de uma semana de recesso. Desta maneira, as autoridades esperam que os russos permaneçam em casa, apesar da ausência de um decreto.
Justiça contradiz Bolsonaro
Em algumas regiões do mundo, o confinamento é viável, mas em outras é materialmente impossível.
Em Joanesburgo, capital da África do Sul, a polícia usou bala de borracha para dispersar centenas de pessoas aglomeradas diante de um mercado e que ignoravam o decreto de confinamento.
O fervor religioso tampouco ajuda o confinamento. No Brasil, a justiça anulou o decreto do presidente Jair Bolsonaro que excluía as igrejas, os templos religiosos e as lotéricas das quarentenas impostas em vários estados para frear a epidemia de coronavírus.
O presidente de extrema-direita minimiza a gravidade da pandemia, que chama de "gripezinha", e iniciou uma campanha contra as medidas de confinamento decretadas em vários estados, como Rio de Janeiro e São Paulo.