
O FMI advertiu que "alguns países permanecem vulneráveis a novos protestos - principalmente se as políticas para mitigar a crise da COVID-19 forem consideradas insuficientes ou injustas - mais voltadas para grandes empresas do que para as pessoas".
Na África do Sul, na terça-feira, a polícia disparou balas de borracha e gás lacrimogêneo contra manifestantes nas favelas da Cidade do Cabo que protestavam contra a falta de comida durante o confinamento.
Centenas de pessoas expressaram sua indignação na frente da polícia, atirando pedras e montando barricadas com pneus reclamando das rações alimentares prometidas pelas autoridades que nunca chegaram.
Em seu relatório semestral, o FMI observou que os protestos são "mais prováveis em países com histórico de corrupção generalizada, falta de transparência nas políticas públicas e má prestação de serviços".
"Os manifestantes não são necessariamente os mais pobres", disse o Fundo.
"Um número crescente de protestos surgiu nos últimos dois anos em várias partes do mundo, desafiando governos e formuladores de políticas públicas a tentar entender as raízes do descontentamento", afirmou.
O relatório aponta como exemplo uma onda de protestos que começou com manifestações contra o aumento nos preços de alguns produtos ou serviços e que se transformou em movimentos mais amplos, como ocorreu em outubro no Equador, onde um aumento na gasolina causou um levante que paralisou o país.
O FMI também citou exemplos como o Chile, onde uma pequena alta no preço do metrô levou a um movimento maciço contra a desigualdade que terminou com a aprovação de um plebiscito para mudar a constituição.
A instituição evocou a ainda a crise dos coletes amarelos na França.
Isso inclui uma comunicação clara e racional sobre suas políticas, com uma estratégia para superar a oposição e com bases para aliviar o peso que medidas como a alta de um produto podem causar.