
"Vejo o horror que nos deixou, a estupidez dos acordos que fez", disse Trump em alusão a Obama, a quem tachou de "ineficaz" e "terrível".
"O presidente Obama não dez um bom trabalho. A razão pela qual estou aqui é o presidente Obama e (seu vice) Joe Biden", destacou.
Obama, que se manteve com perfil discreto nas disputadas primárias democratas, declarou oficialmente seu apoio ao seu ex-vice em 14 de abril, e será o terceiro ex-presidente americano a declarar seu apoio a Biden na convenção, depois de Bill Clinton e Jimmy Carter.
"Votem"
Harris, de 55 anos, filha de imigrantes da Jamaica e da Índia, falou de Wilmington, cidade natal de Biden em Delaware, transformada em sua sede de campanha.
Biden foi oficialmente nomeado na terça-feira para as eleições de 3 de novembro, quando enfrentará Trump em um país polarizado politicamente e abalado pela crise sanitária, a recessão econômica e uma onda de clamor contra o racismo e a violência policial.
"Muito, muito obrigado do fundo do meu coração. Obrigado a todos. Significa muito para mim e minha família", disse Biden, de 77 anos, após a votação em que cada estado e território do país mostraram por meio de mensagens virtuais sua diversidade geográfica e cultural, algo muito comentado nas redes sociais.
A ex-primeira-dama Hillary Clinton, derrotada por Trump em 2016, também discursou na convenção esta noite, com um forte apelo à mobilização dos eleitores no que promete ser uma disputa acirrada até o fim.
"Votem como se nossas vidas e nosso sustento estivessem em jogo, porque estão", pediu.
A noite é delas
Exceto por Obama, esta foi uma noite das mulheres na grande convenção democrata.
Além de Harris e Clinton, discursaram Nancy Pelosi, presidente da Câmara e líder democrata no Congresso, a senadora progressista Elizabeth Warren, ex-rival de Biden, e a governadora do Novo México, Michelle Lujan Grisham, uma das personalidades latinas mais importantes dos Estados Unidos.
Também participou a ex-legisladora do Arizona Gabrielle Giffords, que se tornou ativista pelo controle armamentista depois de ser gravemente ferida por um tiro em um atentado em 2011.
Antes dela também falou Emma González, uma sobrevivente do massacre no colégio Parkland, na Flórida, que se tornou um símbolo da frustração sentida pelos jovens por causa da inércia dos políticos em relação à violência com armas de fogo.
Além disso, uma imigrante sem documentos na Carolina do Norte, Silvia Sánchez, contou sua história com suas filhas, uma delas uma "dreamer", que faz parte do programa DACA criado por Obama para proteger da deportação aqueles que chegaram ao país ainda crianças junto aos seus pais, sem documentos, que Trump tentou cancelar.
Biden, que teve pouca exposição pública para minimizar os riscos de contaminação, passa na frente de Trump nas pesquisas por 7,6 pontos em todo o país, com base na média do RealClearPolitics. Mas a diferença entre os dois diminuiu nas últimas semanas.
O Partido Republicano fará sua convenção, também virtual, na próxima semana, na qual indicará Trump para um segundo mandato.
"Ao contrário de Michelle Obama, estarei ao vivo", comentou Trump ao confirmar que aceitará a candidatura nos jardins da Casa Branca em 27 de agosto, algo questionado por seus críticos por considerarem que isso confunde os limites entre seu papel como presidente e sua campanha.