A medida que obriga o uso de máscara durante a realização da prova, e nas dependências do estabelecimento, valerá em todo o Estado do Rio de Janeiro - Arquivo
A medida que obriga o uso de máscara durante a realização da prova, e nas dependências do estabelecimento, valerá em todo o Estado do Rio de JaneiroArquivo
Por Letícia Moura*
Devido ao avanço de novas variantes mais contagiosas do coronavírus, a Europa passou a exigir o uso de máscaras de proteção hospitalar. A Áustria, por exemplo, decidiu impor o tipo de máscara FFP2 (nomenclatura europeia) ou N95 (nome equivalente no continente americano) nos comércios e transportes. Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel anunciou novas restrições que incluem a obrigação de usar máscaras hospitalares nos transportes públicos e em lojas.  
Alberto Chebabo, professor da UFRJ e médico infectologista do laboratório Bronstein, explica que as máscaras FFP2 e N95 são mais seguras que as demais porque têm uma capacidade filtrante maior: "Certamente são mais seguras contra as novas e as antigas variantes, mas não recomendadas, por enquanto, para utilização fora de ambiente hospitalar", esclarece.
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Segundo a geriatra e psiquiatra Roberta França, esses padrões de máscaras têm uma capacidade de filtração em torno de 94% e 95%. No entanto, conforme a médica, a orientação para o uso vale para locais onde cepas mais agressivas foram detectadas e para ambientes hospitalares. Ela explica que, se um paciente for fazer uma consulta, por exemplo, estará realmente mais seguro ao usar esses tipos de máscaras. 
Em entrevista à AFP, o diretor do Instituto de Pesquisa Aplicada em Saúde de Birmingham (Inglaterra), KK Cheng, disse que "torná-las obrigatórias pode causar muitos problemas". Por exemplo, por serem quase herméticas, exigem um esforço maior para respirar, sem contar que são mais caras.
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França lembra ainda que as máscaras podem ser usadas apenas durante quatro horas. "Depois disso, o ideal é descartar as que forem descartáveis ou colocar para lavar as máscaras de tecido. Mas você não deve usar por mais de quatro horas, porque o próprio suor e a respiração vão umidificar o tecido, o que pode diminuir a capacidade de filtro", pondera, acrescentando que máscaras de tecidos finos, tricot e crochê não são eficazes na proteção contra a covid-19. 

Cirúrgicas
O uso dessas máscaras de polipropileno, originalmente reservadas às equipes de saúde, se generalizaram com a covid-19. Seu objetivo principal é impedir que seu portador contagie os demais. Se todos a usarem, pode fornecer portanto uma proteção coletiva.

Máscaras de tecido: a alternativa
As máscaras de tecido, industriais ou confeccionadas em casa, se generalizaram devido à escassez das máscaras médicas no início da pandemia.

Mas são consideradas menos seguras contra as novas variantes. No entanto, "se todos usarem corretamente uma máscara caseira, a proteção ainda é muito apreciável", diz o doutor Cheng, citando um estudo publicado na quarta-feira na revista científica Proceedings of the Royal Society A.

"O risco de infecção se reduz para 60% com uma máscara caseira básica", garante Cheng.

Como usar?
A máscara deve cobrir o nariz e a boca, incluindo o queixo. É preciso lavar as mãos antes de usar e colocá-la segurando as alças elásticas. Assim que colocada, não pode ser tocada, caso contrário é preciso lavar as mãos novamente.

Duas valem mais que uma?
O presidente norte-americano Joe Biden apareceu em público com duas máscaras, levantando o debate. "Usar duas máscaras certamente torna o bloqueio mais eficaz", segundo Cheng. "Mas antes de mais nada, deveríamos focar nas pessoas que não usam máscara ou que não usam direito".

Descartáveis?
As de tecido são reutilizáveis e podem ser lavadas várias vezes, em geral dez. No entanto, a Organização Mundial da Saúde recomenda "tirar imediatamente" as máscaras médicas de uso único. Alguns especialistas, no entanto, estimam que podem ser lavadas várias vezes antes de descartá-las, com o objetivo de limitar o gasto familiar e a poluição do plástico.
*Com informações da AFP