O Reino Unido proibiu há duas semanas as chegadas de todos os países da América do Sul, além de Panamá e Portugal - AFP
O Reino Unido proibiu há duas semanas as chegadas de todos os países da América do Sul, além de Panamá e PortugalAFP
Por AFP
Londres - Os nacionais ou residentes do Reino Unido que chegarem de áreas consideradas de alto risco pelo coronavírus, como a América do Sul, serão isolados em hotéis que deverão pagar de seu próprio bolso para evitar a importação de novas cepas.

Após a descoberta de uma nova cepa originada na Amazônia brasileira, o governo de Boris Johnson proibiu há duas semanas as chegadas de todos os países da América do Sul, além de Panamá e Portugal.

A medida já havia sido aplicada à África do Sul, onde também foi encontrada uma mutação preocupante do vírus.

A proibição não se aplica, porém, a cidadãos britânicos, nem aos residentes no país, que podem voltar para suas casas após apresentarem um teste negativo para covid-19 e com o compromisso de se isolarem por dez dias após sua chegada.

No país europeu mais castigado pela pandemia, o Executivo não quer, contudo, correr riscos.

"Exigiremos a todos os que chegarem e não poderão ter a entrada negada pra se isolar em acomodações estipuladas pelo governo, como hotéis, durante 10 dias sem exceção", anunciou Johnson nesta quarta-feira (27) ao Parlamento. "Serão recebidos no aeroporto e levados diretamente à quarentena", acrescentou sem especificar a data a partir da qual a medida entrará em vigor.

Negociações estão em curso com redes de hotéis, cujos detalhes serão concluídos na próxima semana, indicou a ministra do Interior, Priti Patel.

Segundo estimativas da imprensa britânica, as despesas podem chegar entre 1.00 e 1.500 libras (1.350 - 2.050 dólares) por pessoa e devem ficar a cargo dos viajantes.

O primeiro-ministro também destacou que "é ilegal" no contexto do terceiro confinamento aplicado atualmente no país "viajar para o exterior sem uma razão válida", como obrigações de trabalho.

“Ainda há muita gente entrando e saindo do nosso país todos os dias”, lamentou Patel, referindo-se às pessoas que andam de esquis na Estação Internacional de Londres.

Para garantir o respeito à norma, explicou ele, os viajantes serão questionados nos portos e aeroportos sobre o motivo de seu deslocamento. Se não for um motivo adequado, voltarão para casa.

Reabertura das escolas 
Em relação às escolas, fechadas desde as férias de fim de ano, a reabertura "não será possível" em meados de fevereiro conforme previsto inicialmente, alertou.

Desde a descoberta em dezembro da nova cepa do coronavírus muito mais contagiosa e possivelmente mais motal na Inglaterra, o Reino Unido não levanta a cabeça.

O país tem agora todas as suas esperanças voltadas para uma campanha de vacinação em massa: até esta quarta-feira, 7,1 milhões de pessoas receberam a primeira dose e quase 500.00 a segunda.

O objetivo do governo é chegar a 15 milhões - todos os maiores de 70 anos, profissionais da saúde e pessoas com problema de saúde - em meados de fevereiro.

Johnson explicou que, se conseguir cumprir o objetivo, essas pessoas desenvolverão anticorpos três semanas depois. Portanto, em 8 de março seria possível reabrir as escolas e depois levantar gradualmente o confinamento.

Mas alertou: tudo isso dependerá da manutenção do ritmo de vacinação, da redução da pressão nos hospitais e da diminuição do número de mortes diárias.

As 1.725 mortes registradas na quarta-feira levam o saldo total para 101.887 óbitos.

Muito criticado desde o início da crise sanitária por suas políticas erráticas, Johnson, que ficou internado na UTI por covid-19 em abril passado - quando reconhecer temer por sua vida - garante que fez "todo possível" e pediu desculpas na terça-feira pelo terrível número de mortos.

Apesar de o país estar há semanas em seu terceiro confinamento, o professor Calum Semple, membro do grupo científico que assessora o Executivo, disse à BBC que pode haver cerca de 50 mil mortes a mais.