Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden discursou na Assembleia-Geral da ONUAFP
Falando na Assembleia Geral das Nações Unidas pela primeira vez como presidente, Biden prometeu trabalhar para promover a democracia e as alianças.
O governo Biden vê uma China autoritária e em ascensão como o principal desafio do século XXI, mas, em sua estreia na ONU, o presidente deixou claro que não está tentando semear divisões.
"Não estamos procurando uma nova Guerra Fria, ou um mundo dividido em blocos rígidos", disse Biden na sede da ONU em Nova York.
"Os Estados Unidos estão dispostos a trabalhar com qualquer nação que se comprometa e busque uma solução pacífica para compartilhar os desafios, embora tenhamos intensas divergências em outras áreas", afirmou ele, sem mencionar diretamente a China.
Os Estados Unidos, porém, "vão participar da competição e participar com força", alertou.
"Com nossos valores e nossa força, defenderemos nossos aliados e nossos amigos, e nos opomos às tentativas dos países mais fortes de dominarem os mais fracos", acrescentou.
Biden prometeu ainda combater as "autocracias" e "defender a democracia".
O presidente chinês Xi Jinping participará da Assembleia no final da manhã em mensagem pré-gravada de Pequim, no que é visto como um duelo de longa distância entre as duas superpotências, engajadas em um confronto cada vez mais perigoso.
'A era da diplomacia'
Para evitar isso, pediu às duas superpotências "diálogo" e "compreensão".
Pequim contesta a ideia de uma nova Guerra Fria como a que opôs os Estados Unidos e a União Soviética durante a segunda metade do século XX. Mas é praticamente o único ponto em que ambos os países, cujas relações estão cada vez mais tensas, concordam.
O grande encontro da diplomacia mundial, que terá duração de uma semana, era especialmente aguardado este ano, após a paralisação do ano passado devido à pandemia de covid-19 que impediu as delegações de viajarem a Nova York.
Primeiro presidente americano em 20 anos a comparecer ao fórum anual da ONU sem estar em guerra, Biden anunciou o "retorno" de seu país como parceiro confiável após quatro anos de governo de seu antecessor Donald Trump.
"Nos últimos oito meses, priorizei a reconstrução de nossas alianças, revitalizando nossos parceiros e reconhecendo que eles são essenciais para a segurança e prosperidade duradoura dos Estados Unidos", disse ele.
Na quarta-feira, assegurou, anunciará "novos compromissos" contra a pandemia e prometeu "redobrar" os esforços financeiros internacionais de Washington contra a mudança climática.
Ele também prometeu iniciar uma "era de diplomacia" após o fim da guerra no Afeganistão, garantindo que os Estados Unidos só recorrerão à força militar como "último recurso".
"A missão deve ser clara e alcançável, realizada com o consentimento informado do povo americano e, sempre que possível, em parceria com nossos aliados", explicou.
Crise com a França
A União Europeia se posicionou ao lado da França, segundo o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.
Sinal de que Paris não está disposta a virar a página, um assessor do presidente francês Emmanuel Macron alertou que a conversa telefônica, prevista para os próximos dias, com Joe Biden "não será uma troca de reconciliação", mas de "esclarecimento".
Para surpresa de muitos países, Macron decidiu não viajar a Nova York este ano e seu ministro das Relações Exteriores falará em nome da França por vídeo.
'Credibilidade recuperada'
Já o presidente colombiano Iván Duque se mostrou cético sobre as negociações entre o governo venezuelano de Nicolás Maduro e a oposição no México e pediu uma eleição presidencial "livre" na Venezuela.
"Qualquer saída que perpetue a censura ditatorial e permita ao governo ganhar tempo agravará o maior desastre humanitário que o nosso continente conhece", disse Duque.
Outro presidentes, como o da Turquia e o novo presidente iraniano Ebrahim Raisi, também estão previstos para discursarem neste primeiro dia.
No início da tarde, intervirá em Nova York o presidente do Peru, Pedro Castillo, que encerrará sua primeira viagem internacional que o levou ao México para participar da cúpula dos países da América Latina e Caribe, e a Washington.
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