"O Afeganistão conseguiu se libertar da ocupação militar estrangeira", destacou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang WenbinAFP

O departamento encarregado de passaportes no Afeganistão reabriu nesta quarta-feira (6) em Cabul, um motivo de esperança para os afegãos que querem deixar o país após a chegada do regime talibã ao poder. Centenas de afegãos foram pedir uma ação judicial no escritório de entrega de passaportes, fechado desde que a capital foi tomada pelos insurgentes em meados de agosto.
A reabertura deste órgão pretende ser uma demonstração das boas intenções do Talibã, que prometeu à comunidade internacional deixar os compatriotas que quisessem partir. "Estou tentando ir embora", admite Mohamad Hanif, de 32 anos, que diz ter trabalhado como intérprete para as forças especiais dos EUA na província de Helmand, no sul, entre 2009 e 2013.
Ele teme que os talibãs tentem se vingar, assim como o resto dos afegãos que colaboraram com as tropas estrangeiras após a intervenção da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos em 2001, que expulsou os insurgentes do poder.

Mohamad, que diz ter visto especial para viajar aos Estados Unidos, deu início aos trâmites para a obtenção do passaporte há quatro meses, mas não conseguiu concluir o pedido até esta quarta-feira. Como milhares de outros afegãos, ele tentou fugir pelo aeroporto de Cabul dias depois que os talibãs tomaram a capital em 15 de agosto. "Tinha muita gente. Não consegui" entrar no aeroporto, reconhece.

Uma gigantesca ponte aérea permitiu a retirada de mais de 120.000 estrangeiros e afegãos que queriam fugir do novo regime durante as duas últimas semanas de agosto.
O Talibã agora está tentando reativar o governo, embora a maioria das autoridades não receba seus salários há meses. A agência de passaportes, segundo seu chefe, pode conceder cerca de 6.000 documentos por dia.