Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom GhebreyesusCOFFRINI/AFP
Tedros Adhanom é candidato único e deve ser reeleito como diretor-geral da OMS em 2022
Atual gestão do etíope de 56 anos termina em agosto do ano que vem; Desde 2017 no cargo, Ghebreyesus não poderá continuar após um segundo mandato
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, é o único candidato na disputa a sua própria sucessão - informou uma fonte diplomática nesta sexta-feira (29).
"Conquistamos muitas coisas, mas ainda temos muito a fazer. Os objetivos alcançados e as exigências que virão me deixaram ainda mais determinado a levar nosso projeto adiante, que consiste em dotar a organização de maior agilidade, com financiamento e meios sustentáveis e adequados a serviço de todos", escreve o diretor-geral em sua carta de candidatura.
Sua candidatura única foi confirmada nesta sexta-feira pela OMS, em um comunicado.
Especialista em malária e ex-ministro da Saúde e das Relações Exteriores da Etiópia, Tedros, de 56 anos, foi o primeiro africano a liderar a OMS, em 2017.
Sua atual gestão termina em agosto do ano que vem. Ghebreyesus não poderá continuar depois de um segundo mandato.
O atual diretor-geral da OMS foi considerado uma das 100 pessoas mais influentes de 2020 pela revista Time e, no mesmo ano, recebeu o prêmio africano pela revista African Leadership.
Sua candidatura recebeu o apoio de 28 Estados-membros, incluindo França, Alemanha, Espanha e Indonésia.
Os representantes dos países elegerão o próximo chefe da OMS em votação secreta durante a 75ª Assembleia Mundial da Saúde em maio. O novo mandato começará em 16 de agosto de 2022.
A favor e contra
Entre seus recentes desafetos, esteve o então presidente americano Donald Trump (2017-2021), que cortou os recursos para esta organização, acusando-a de ser muito próxima da China e de administrar mal a pandemia. A chegada do democrata Joe Biden à Casa Branca, que levou os Estados Unidos de volta à OMS, deu-lhe uma folga.
Mas seu tom mais crítico em relação à China, que ele considera não ser transparente o suficiente sobre a origem da pandemia, valeram a Tedros críticas também de Pequim.
Também foi questionado por dezenas outros Estados-membros, incluindo aqueles que apoiaram sua candidatura, frustrados por sua gestão no escândalo de violência sexual cometida por funcionários de sua organização, entre outros trabalhadores humanitários, na República Democrática do Congo, durante a luta contra a epidemia de Ebola entre 2018 e 2020.
Um relatório independente informou a existência de "falhas estruturais" e de "negligência individual" dentro da OMS.
Ghebreyesus, que pediu desculpas a dezenas de vítimas, admitiu que poderia ter investigado mais durante suas 14 viagens ao país africano.
Também causou mal-estar ao governo etíope, devido ao conflito na região do Tigré, de onde é originário.
A OMS sofre com a falta de meios financeiros e, especialmente, de flexibilidade no uso dos fundos destinados pelos doadores - muitas vezes, para um propósito muito específico. Além disso, Ghebreyesu não tem liberdade para agir por conta própria.
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