Xi Jinping, presidente da China Nicolas ASFOURI / AFP

Paris - A corrida pelo desenvolvimento de armas hipersônicas parece ter alcançado um novo estágio com um recente teste chinês, o que demonstra sua inesperada ultrapassagem dos Estados Unidos neste campo de competição estratégica entre as potências.

A China testou um planador hipersônico em agosto - capaz de atingir velocidades acima de 6.000 km/h - que orbitou a Terra antes de alcançar em seu alvo, que errou por cerca de 30 quilômetros.

Esse tiro de teste, revelado em outubro pelo Financial Times e confirmado pelo Pentágono, obrigou os militares americanos a reconhecer que o desempenho tecnológico da China os pegou de surpresa.

O chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, General Mark Milley, comparou este teste ao lançamento em 1957 pela então URSS do primeiro satélite artificial, o Sputnik, que marcou o início da corrida espacial.

Segundo novas revelações publicadas no domingo, o dispositivo hipersônico chinês disparou durante sua carreira um projétil que caiu no mar, surpreendendo novamente os Estados Unidos.

"Parece que os chineses conseguiram controlar esses efeitos do choque térmico e aerodinâmico em velocidade hipersônica", o que requer "enormes capacidades de cálculo", explica Joseph Henrotin, pesquisador de estratégia e editor-chefe da revista especializada DSI.

"Esses testes recentes constituem um grande salto tecnológico para a China, mesmo que os Estados Unidos continuem muito à frente em termos de tecnologia militar geral", acrescenta Niklas Swanström, especialista em China e diretor do Instituto de Segurança e Desenvolvimento de Estocolmo.

Túnel de vento hipersônico 
A Academia Chinesa de Ciências (CAS), que recentemente se equipou com um túnel de vento hipersônico, planeja lançar uma nova instalação no próximo ano para simular voos a velocidades até 30 vezes mais rápidas do que o som, segundo a mídia estatal chinesa.

Já os Estados Unidos não têm arma hipersônica em seu arsenal, embora trabalhem para isso.

A Darpa, agência do Pentágono, testou recentemente com sucesso seu míssil hipersônico HAWC, que usa oxigênio da atmosfera para sua combustão.

O Pentágono também desenvolveu um planador hipersônico chamado ARRW, mas seu primeiro teste em grande escala falhou em abril.

Outras potências, como a Rússia, também têm armas hipersônicas ou estão tentando se equipar com elas, como a França.