O diretor de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, deu seu parecer sobre a eficácia das vacinas anticovid contra a nova variante nesta terça-feira, 7. Segundo ele, não há provas de que a ômicron provoque uma doença mais grave do que as mutações anteriores da covid-19 e "não há razão para duvidar" da eficácia das vacinas contra a nova variante.
"Temos vacinas muito eficientes que provaram seu poder contra as variantes até agora, em termos de gravidade da doença e de hospitalização", afirmou em entrevista. "Não há nenhuma razão para pensar que não será assim" com a ômicron, continuou Ryan, apontando para dados preliminares da África do Sul, o primeiro país a detectar a variante, que "sugerem que a vacina aguenta no que diz respeito à proteção".
Diante do pânico gerado pela aparição desta nova variante, com muitas mutações e aparentemente mais contagiosa, o número dois da OMS garantiu que os primeiros estudos não apontam para isso. "Os dados preliminares não indicam que seja mais grave. De fato, em qualquer caso, a direção aponta para menos gravidade", afirmou Ryan, insistindo na necessidade de mais pesquisa.
"É muito cedo, temos que ser cautelosos em como interpretamos esses sinais", completou.
Vacina é a "melhor arma"
Ryan admitiu que existe a possibilidade de que as vacinas existentes percam certa eficácia diante da ômicron, que conta com mais de 30 mutações da proteína da espícula, sobressalente e que permite a invasão das células. É "altamente improvável", porém, que possa escapar de todas as proteções trazidas pela vacina, afirmou o epidemiólogo de 56 anos.
"Temos que confirmar se há alguma brecha nessa proteção, mas eu acredito que seja a mesma proteção". "Os dados preliminares da África do Sul não indicam que teremos uma perda catastrófica de eficácia. Na verdade, é o contrário por enquanto", continuou Ryan, garantindo que "a melhor arma que temos agora é a vacinação".
Apenas duas semanas depois que sua detecção foi anunciada na África do Sul em 24 de novembro, a variante ômicron já foi encontrada em dezenas de países ao redor do mundo. Os primeiros dados da África do Sul indicam que a nova variante é mais transmissível do que as anteriores, o que não é surpresa para Ryan.
"Quando uma nova variante aparece, ela tende a ser mais transmissível porque tem que competir com as variantes anteriores", explicou.
Mesmas regras
O médico irlandês prevê que a ômicron substituirá gradativamente a delta, variante dominante atualmente, detectada inicialmente na Índia e também mais contagiosa, mas indica que, até agora, a ômicron espalhou-se rapidamente, especialmente na África do Sul, onde a variante delta estava em declínio, o que poderia significar que está "explorando a lacuna na transmissão delta".
Ele também ressaltou que, com a nova variante, a infecção de pessoas que estão vacinadas ou já tiveram covid-19 é mais fácil. "Há evidências que sugerem que a reinfecção com ômicron é mais comum do que em ondas ou variantes anteriores". Mas "não estamos particularmente interessados em saber se você pode ser reinfectado com ômicron, mas em se uma nova infecção é mais ou menos séria", insistiu.
Nesse sentido, Ryan destacou que as vacinas atuais buscam prevenir doenças graves, mas não necessariamente proteger contra o contágio, de forma que reinfecções sem sintomas ou com sintomas leves eram menos preocupantes.
De qualquer forma, Ryan destacou que a nova variante ainda é o coronavírus e deve ser combatida com as mesmas medidas: vacinas, máscaras e distância física. "O vírus não mudou de natureza. Pode ter mudado em termos de eficiência, mas não mudou o jogo", lembrou. "As regras do jogo ainda são as mesmas".
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