O governo do novo chanceler, Olaf Scholz (foto), quer utilizar pretende investir quantia na transição energética e na digitalização da economia alemãAFP

O governo alemão quer dedicar, a partir deste ano, "60 bilhões de euros (quase 68 bilhões de dólares)" ao financiamento de "investimentos do futuro", especialmente para alcançar os objetivos climáticos da coalizão, informou seu ministro das Finanças, Christian Lindner, nesta sexta-feira (10).
Esses fundos serão parcialmente direcionados para as novas dívidas contraídas pelo orçamento 2021 para enfrentar a pandemia de covid-19, mas que "não foram utilizados", afirmou o ministro, membro do partido liberal FDP, que assumiu o cargo na quarta-feira.
Para enfrentar a pandemia de coronavírus, o Parlamento alemão autorizou o governo no início deste ano a solicitar empréstimos por uma quantia de 240,2 bilhões de euros, cifra recorde em um país acostumado à sobriedade orçamentária.
No entanto, Berlim não vai precisar usar toda essa verba, que estava destinada a financiar o auxílio às empresas e aos seguros de desemprego parciais, apesar de o país enfrentar um aumento de casos.
Sendo assim, o governo do novo chanceler, Olaf Scholz, quer utilizar este dinheiro 'restante' para investir na transição energética e na digitalização da economia alemã.
Um projeto de financiamento corrigido será apresentado com essas finalidades na próxima segunda-feira durante o Conselho de Ministros, declarou Lindner em entrevista coletiva.
Os primeiros passos deste adepto da ortodoxia orçamentária à frente do Ministério das Finanças estão na mira, já que o gasto público foi um dos pontos de tensão nas negociações para formar o gabinete da coalizão.
Seus parceiros social-democratas e principalmente os ambientalistas propuseram uma maior flexibilidade orçamentária e priorizam os investimentos em massa, essenciais para que a Alemanha se "descarbonize" e digitalize sua economia.
Este plano de 60 bilhões de euros será "um estímulo para a economia nacional", prometeu Lindner.
O objetivo também é inflar o máximo possível os valores dos novos gastos antes de retornar à disciplina orçamentária, que a coalizão planeja a partir de 2023.
O "freio do endividamento", consagrado na Constituição alemã, exige que o governo não solicite empréstimos acima de 0,35% do PIB todo ano.
A crise sanitária, porém, abalou essa norma e Berlim precisou, excepcionalmente, suspendê-la para os exercícios fiscais de 2020, 2021 e 2022, para sustentar sua economia atingida pelas restrições de combate à covid-19.
O uso dessas linhas de crédito de emergência para investimentos de longo prazo gerou críticas da oposição, com muitas pessoas questionando a constitucionalidade de tal movimento.
"A constituição dessas reservas, financiadas pelo empréstimo, levanta questões do ponto de vista orçamentário. Vemos que resiste a um controle jurídico", alertou o deputado do CDU, Christian Haase, membro da comissão do orçamento do Bundestag.
O Ministério das Finanças respondeu que o antigo governo "já realizou" essa mesma manobra, em meio ao plano de recuperação de 130 bilhões de euros em junho de 2020, após a primeira onda do coronavírus, financiada em grande parte pela dívida da covid.
Os sócios do governo prometeram que usarão a "criatividade" para encontrar os recursos necessários, mas o caminho é estreito: eles se comprometeram a não aumentar os impostos.
Diferentes economistas estimam em cerca de 50 bilhões de euros o valor dos gastos futuros necessários para a transformação do país.