Presidente da Venezuela, Nicolás MaduroYuri Cortez/AFP

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse na quinta-feira, 8, que o ex-presidente do Peru, Pedro Castillo, destituído na véspera pelo Parlamento foi levado "ao extremo" de dissolver o Congresso e tentar governar por decreto por causa das pressões de uma "conspiração para um golpe parlamentar".

"Uma vez empossado (...), começa a conspiração para um golpe parlamentar e começa o ataque, o desgaste: votos de desconfiança contra os ministros, contra os chefes de gabinete, um assédio permanente, até que, golpe após golpe, assédio em cima de assédio, em uma perseguição parlamentar, política e judicial sem limites, o levaram ao extremo de tentar dissolver o Congresso do Peru", disse Maduro em um ato político.
"São as elites oligárquicas que não permitem que um simples professor chegue à Presidência do Peru e tente governar para o povo. É a mensagem que a extrema direita envia para os movimentos populares, para os movimentos progressistas: não vamos deixá-los governar", acrescentou o mandatário socialista em discurso para seus simpatizantes.

Na quarta-feira, o Congresso do Peru destituiu Castillo por "incapacidade moral", depois que o presidente de esquerda ordenou dissolver o Poder Legislativo e decretou um governo de exceção, que funcionaria por decreto.

A vice-presidente Dina Boluarte, que denunciou Castillo por um "golpe de Estado", assumiu o poder. Um alto tribunal peruano decretou sete dias de prisão preventiva para Castillo, de 53 anos, acusado de rebelião e conspiração, após sua tentativa fracassada de golpe de Estado.

"Agora vem a fase da humilhação. Agora vão humilhá-lo, sentenciá-lo a 30 anos de prisão, a oligarquia limenha, acostumada a fazer o que lhe dá vontade", questionou Maduro.

Castillo durou apenas um ano e meio no governo do Peru, que vivencia uma crise política sem fim e chega ao sexto presidente desde que Pedro Pablo Kuczynski, eleito em 2016, não conseguiu completar seu mandato.

"Espero que o povo peruano, no marco de sua Constituição, consiga, mais cedo do que tarde, seu caminho de libertação, seu caminho de democracia verdadeira", concluiu o presidente venezuelano.