'Pessoas expostas ao frio extremo estão suscetíveis ao congelamento em questão de minutos', advertiu o serviço de meteorologiaEva Hambach/ AFP

A tempestade de inverno Elliot, que promete ser "única em uma geração", ameaça diversas regiões dos Estados Unidos com riscos de fortes nevascas e ventos, além do frio intenso. Mais de 5.000 voos foram cancelados no país nesta quinta-feira, 22, atrapalhando planos de diversas famílias que estavam com viagem marcada para o Natal.
Outros 24.000 foram adiados, segundo o rastreador FlightAware. Vários estados declararam estado de emergência, incluindo Nova York, Oklahoma, Kentucky, Geórgia e Carolina do Norte. A onda de frio também deve atingir o sul do Texas.
Relatos de estradas cobertas de neve chegam de todo o país e a imprensa local informou sobre vários acidentes. A rodovia I-90, que atravessa o norte dos Estados Unidos, foi fechada no estado de Dakota do Sul e as autoridades alertaram que a reabertura deve acontecer nesta sexta-feira, 23.
"Várias estradas secundárias são consideradas atualmente como 'intransitáveis'... devido à neve profunda e aos ventos", afirmou a Administração de Transportes de Dakota do Sul.
"Isto não é como um dia de neve quando você era criança. É algo sério", disse o presidente Joe Biden aos jornalistas, em uma reunião informativa na Casa Branca sobre a situação do clima e do transporte. Ele pediu que as pessoas fiquem atentas às advertências das autoridades locais.
A maioria dos cancelamentos de voos ocorreu nos aeroportos de Chicago O'Hare ou Denver, ambos internacionais. Meteorologistas da AccuWeather disseram que a tormenta poderia se transformar rapidamente no que se conhece como um "ciclone bomba", quando a pressão cai e uma massa de ar frio se choca com outra de ar quente.
Michael Charnick, do Serviço Meteorológico Nacional (NWS, na sigla em inglês) publicou um vídeo em uma rede social no qual é possível observar motoristas lutando contra o tempo ruim em uma estrada entre Colorado e Wyoming, onde a temperatura com ventos gelados despencou para -40°C.
O NWS emitiu mensagens de advertência nas redes, afirmando que rajadas de neve já estavam ocorrendo ou eram esperadas das planícies centrais até a costas leste e nordeste do país.
"As pessoas expostas ao frio extremo estão suscetíveis ao congelamento em questão de minutos", advertiu o serviço de meteorologia. "As áreas mais propensas ao congelamento são a pele desprotegida e as extremidades, como mãos e pés. A hipotermia é outra ameaça durante o frio extremo".
O frio é tão intenso que permitiu às pessoas publicar vídeos fazendo o chamado "desafio da água fervendo", no qual água fervente é jogada no ar e congela imediatamente.
No Centro-Oeste, as condições de vento deixaram cerca de 100 motoristas ilhados em Rapid City e Wall, na Dakota do Sul, publicou o escritório do chefe do condado de Pennington. "Aconselha-se não viajar", acrescentou.
Em Minneapolis e Saint Paul caíram mais de 20,3 centímetros de neve no espaço de 24 horas, informou o NWS em uma atualização na manhã desta sexta-feira.
Mais ao leste, em Buffalo, Nova York, os meteorologistas disseram que se trata de uma "tempestade única em uma geração", com rajadas de vento de mais de 105 km/h, sensação térmica de entre 10 e 20 graus abaixo de zero e cortes de energia dispersos ou possivelmente generalizados.
A sensação térmica deve chegar a 55 graus negativos na região das Grandes Planícies. Do outro lado da fronteira, o leste do Canadá se preparava para condições similares, com fortes nevascas e temperaturas em rápido declínio.
O aeroporto de Toronto, o mais movimentado do país, já sentia a crise do caos climático, com atrasos e cancelamentos.
A tempestade coincide com um boletim da Administração de Segurança no Transporte, que afirma que o volume de viagens para as festas de fim de ano estava próximo dos níveis anteriores ao pico da pandemia de covid-19, com maior movimento na quinta-feira, três dias antes do Natal.
As companhias American Airlines, Southwest Airlines e United Airlines já haviam tomado medidas para emitir isenções e permitir aos passageiros mudar seus voos sem custos adicionais.
A Associação Automobilística Americana (AAA) estimou que mais de 112 milhões de pessoas farão deslocamentos superiores a 80 km entre sexta-feira e 2 de janeiro, a maioria deles em automóveis.