Grande parte da Ucrânia já está passando por cortes contínuos de energia como resultado de ataques russosReprodução
Ucrânia denuncia novos ataques da Rússia contra infraestruturas de energia
Exército ucraniano afirma que derrubou 54 dos 69 mísseis disparados pelas tropas russas
A Ucrânia denunciou nesta quinta-feira, 29, novos ataques em larga escala da Rússia com dezenas de mísseis contra várias cidades do país, incluindo Kiev, em mais uma série de ações com o objetivo de destruir as infraestruturas de energia do país, em pleno inverno.
O comandante das Forças Armadas ucranianas, Valery Zaluzhny, afirmou que o exército derrubou 54 dos 69 mísseis disparados pelas tropas russas.
O país, no entanto, enfrenta novos danos a sua rede de energia elétrica, já muito deteriorada por quase três meses de bombardeios intensos.
A aeronáutica anunciou que destruiu 11 drones explosivos do tipo Shahed, de fabricação iraniana. Em um primeiro momento, a presidência ucraniana citou 120 mísseis.
"O inimigo ataca a Ucrânia de várias direções com mísseis de cruzeiro a partir de aviões e navios", afirmou a Força Aérea ucraniana nas redes sociais.
Após uma série de reveses militares nos últimos meses, o Kremlin mudou de tática e em outubro passou a atacar com frequência os transformadores e as centrais de energia elétrica da Ucrânia, com mísseis e drones.
A estratégia provocou uma grave escassez de energia e deixou milhões de ucranianos no frio e na escuridão. Os ataques desta quinta acontecem poucos dias antes do Ano Novo, a grande festa das famílias na maioria dos países da região.
Ao mesmo tempo, o governo de Belarus, aliado da Rússia, afirmou que um míssil ucraniano caiu nesta quinta em seu território. O projétil, lançado por um sistema de defesa antiaérea S-300, partiu "do território ucraniano", afirmou o ministério bielorrusso da Defesa.
Quase 90% de Lviv, a principal cidade do oeste da Ucrânia, ficou sem energia elétrica após os ataques. "Os bondes e ônibus elétricos não funcionam mais na cidade, podemos enfrentar cortes de água", afirmou o prefeito de Lviv, Andriy Sadovy, no Telegram.
Em Kiev, 40% dos residentes estavam sem energia elétrica em consequência dos ataques contra as infraestruturas fora da cidade.
De acordo com uma fonte militar, a defesa antiaérea conseguiu derrubar 16 mísseis russos que foram lançados contra a capital.
"Recarreguem seus telefones e outros dispositivos. Façam reservas de água", recomendou o prefeito de Kiev, Vitali Klitchko.
Em Odessa, importante porto do sudoeste da Ucrânia, 21 mísseis russos foram derrubados pela defesa ucraniana, segundo o governador Maksym Martchenko.
Porém outros atingiram os alvos e a cidade enfrenta cortes de energia. Na cidade de Kharkiv (nordeste), na fronteira com a Rússia, os bombardeios também apontaram contra "infraestruturas críticas", segundo o governador Oleg Sinegubov, e as autoridades ainda tentam determinar o balanço da destruição.
Desde outubro, a Rússia lançou centenas de mísseis e drones contra as infraestruturas ucranianas. Por este motivo, Kiev pede aos aliados ocidentais que acelerem a ajuda militar para fornecer ao país mais sistemas de defesa antiaérea.
Por sua vez, o presidente russo, Vladimir Putin, participou nesta quinta-feira de uma cerimônia de apresentação de navios de guerra, incluindo um submarino com capacidade de transportar mísseis nucleares. Ele prometeu produzir mais armamentos e elogiou as capacidades de sua frota.
Putin apresenta a invasão da Ucrânia, que começou há 10 meses e já provocou grandes perdas, como uma necessidade para a segurança nacional. Ele afirma que o Ocidente está usando o país como uma ponte para ameaçar a Rússia.
Diante dos reveses militares, a Rússia mobilizou 300 mil reservistas, civis, para estabilizar as frentes de batalha. Moscou reivindica a anexação de quatro regiões do sul e leste da Ucrânia, que o exército russo ocupa de maneira parcial.
Os combates prosseguem, com batalhas particularmente violentas em Bakhmut, uma cidade do leste da Ucrânia que a Rússia tenta conquistar há vários meses, e Kreminna, que as forças ucranianas tentam retomar. As perspectivas de negociações são praticamente inexistentes.
A Ucrânia exige a retirada de todas as forças russas do país, enquanto Moscou deseja que Kiev ao menos entregue as quatro regiões que o Kremlin reivindica como suas desde setembro, assim como a Crimeia, anexada em 2014.