McLaughlin também foi a primeira pessoa executada neste ano Handout/Missouri Department of Corrections/AFP

Missouri - Uma mulher transgênero condenada à morte por homicídio foi executada na noite desta terça-feira, 3, no estado do Missouri, no centro dos Estados Unidos. Amber McLaughlin, de 46 anos, foi a primeira pessoa trans a cumprir a pena capital no país.
Ela foi declarada morta às 19h00, horário local, no Bonne Terre Diagnostic and Correctional Center, Missouri, de acordo com um comunicado do departamento penitenciário estadual. A rede de notícias 'Fox2now' informou que a sentença foi executada por injeção letal.
McLaughlin se tornou a primeira pessoa transgênero a morrer por pena de morte no país e também a primeira pessoa a ser executada em 2023. Ela foi declarada culpada de matar uma ex-namorada em 2003 em um subúrbio da cidade de Saint Louis, no Missouri.
Entenda o crime
Sem aceitar a separação, McLaughlin já havia assediado sua ex-companheira até o ponto em que Beverly Guenther precisou recorrer a medidas de proteção na Justiça. No dia do crime, McLaughlin a esperou na saída do trabalho com uma faca de cozinha. Guenther foi estuprada e esfaqueada e seu corpo foi lançado no rio Mississippi.
Ao final do julgamento em 2006, um júri considerou McLaughlin culpada de homicídio, mas não conseguiu chegar a um consenso sobre a sentença. O juiz de primeira instância interveio e impôs a pena de morte, o que é permitido nos estados de Missouri e Indiana.
Sob a alegação de que o júri não a condenou à morte, a defesa pediu ao governador Mike Parson que comutasse sua sentença para prisão perpétua. Sua solicitação obteve o apoio de pessoas de alto perfil, incluindo dois legisladores do Missouri na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Cori Bush e Emanuel Cleaver.
Em uma carta ao governador, os advogados disseram que o pai adotivo de McLaughlin costumava espancá-la com um porrete e também a eletrocutava. "Além desses abusos horríveis, ela lidou em silêncio com questões de identidade de gênero", escreveram.
Conforme a imprensa local, McLaughlin começou sua transição de gênero nos últimos anos, mas permaneceu reclusa na seção masculina do corredor da morte no Missouri.
De acordo com o Centro de Informação sobre a Pena de Morte (DPIC, na sigla em inglês), que busca abolir a punição nos Estados Unidos, não há registro de execução de uma pessoa abertamente transgênero no país.
No entanto, o tema tem chamado mais a atenção nos últimos meses: a Suprema Corte de Ohio confirmou uma sentença de morte contra uma mulher transgênero e o estado de Oregon comutou outra, segundo o DPIC. Desde que assumiu o cargo em 2018, o governador Parson não concedeu um pedido de clemência.