Reprodução de um Leopard-2 finlandês AFP

A Alemanha, sob pressão internacional há vários dias, garantiu, nesta terça-feira, 24, que tomará rapidamente uma decisão sobre a entrega de seus tanques Leopard à Ucrânia por parte de países aliados.
O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, disse que "encorajou expressamente os países aliados que possuem tanques Leopard prontos a treinar forças ucranianas nesses veículos" em uma conferência em Berlim com o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.
Esta declaração supõe um passo à frente na posição da Alemanha, onde o governo de Olaf Scholz está submetido a uma pressão cada vez maior para autorizar os Estados-membros da Otan a entregarem à Ucrânia veículos de combate Leopard de fabricação alemã.
Até agora, Finlândia e Polônia declararam que estão dispostas a fazê-lo. O governo polonês, que deseja criar uma "coalizão de países que apoiam a Ucrânia com tanques Leopard 2", enviou oficialmente uma solicitação nesse sentido, cujo recebimento foi confirmado pela Alemanha nesta terça.
"Vamos processar o pedido com a urgência necessária de acordo com o procedimento estabelecido", disse um porta-voz do governo alemão.
O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, disse que esperava uma resposta rápida, "porque os alemães estão atrasando, postergando, agindo de forma difícil de entender".
O chefe da Otan recebeu com satisfação a "mensagem clara" do novo ministro da Defesa alemão, que está há menos de uma semana no cargo.
Reafirmando a importância de fornecer mais armamento pesado a Kiev, Stoltenberg se mostrou "confiante" de que, em "breve", será encontrada uma solução sobre os tanques.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, alertou que a entrega dos tanques à Ucrânia não trará "nada de bom para o futuro das relações" entre Rússia e Alemanha, e acrescentou que deixará "uma marca indelével".
Segundo observadores, é provável que os tanques tenham um impacto significativo para os ucranianos contra as tropas russas, que estão conquistando terreno no leste da Ucrânia.
No entanto, Olaf Scholz se recusa a comentar no momento a questão das entregas indiretas, bem como o fornecimento direto de Leopards dos estoques alemães.
Na segunda-feira, a Polônia advertiu que está disposta a dispensar a autorização alemã. O governo polonês diz estar disposto a enviar 14 Leopard 2 para Kiev e mantém negociações sobre este tema com cerca de 15 países, já que muitos exércitos europeus possuem tanques desse tipo.
Segundo analistas, as vacilações do chefe de governo alemão se explicam pelo temor de uma escalada militar com a Rússia e sua resistência para que a Alemanha assuma a liderança no campo ocidental.
A questão está provocando tensões no seio de seu governo de coalizão entre o seu Partido Social-Democrata, os Verdes e o Liberal Democrático. A ministra de Relações Exteriores, Annalena Baerbock (Verdes), disse no domingo que a Alemanha estava disposta a permitir que a Polônia forneça os tanques à Ucrânia.
No entanto, segundo Pistorius, somente Scholz pode tomar uma decisão a respeito. Pela primeira vez em 11 meses de conflito, as autoridades russas divulgaram nesta terça um balanço de vítimas de uma região de seu território.
Os bombardeios ucranianos sobre a província (oblast) fronteiriça de Belgorod deixaram 25 mortos e 96 feridos desde o início da ofensiva russa no final de fevereiro, anunciou o governador provincial, Vyacheslav Gladkov.
Na Ucrânia, onde o apoio dos aliados ocidentais — tanto militar como financeiro — é crucial, as autoridades anunciaram nesta terça a demissão e destituição de cinco governadores e quatro vice-ministros no contexto do maior escândalo de corrupção desde o início da invasão russa.