Pelo menos mais de 78 mil pessoas ficaram feridasMohammed AL-RIFAI / AFP
A situação, agravada por um frio glacial, levou o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que está em luta armada contra o exército turco desde 1984, a anunciar nesta sexta-feira a suspensão temporária de suas "operações" na Turquia.
Centenas de voluntários de diversos países chegaram à região do terremoto para ajudar nos resgates. Quase 30 trabalhadores do setor de mineração viajaram mil quilômetros de Zonguldak, perto do Mar Negro, até Antakya, para ajudar nas buscas.
Nesta cidade ao sul da Turquia, um bebê de 18 meses e seu irmão foram resgatados nesta sexta, na 105ª hora após os tremores, informou a NTV. Ambos foram encontrados com vida entre os escombros de seu apartamento em um prédio de três andares.
Duas horas antes, uma menina de três anos também foi resgatada no mesmo local. A irritação é cada vez maior na Turquia com a resposta do governo, considerada insuficiente e tardia. O presidente Recep Tayyip Erdogan reconheceu "deficiências".
"As pessoas que não morreram no terremoto foram abandonadas para morrer no frio", declarou à AFP Hakan Tanriverdi na província de Adiyaman, uma das mais afetadas pelo tremor.
Mehmet Yildirim, outro morador da região, disse que não viu ninguém por várias horas após o terremoto. "Nem do Estado, polícia ou soldados. Que vergonha. Nos abandonaram à própria sorte", disse.
Os primeiros corpos de vítimas turco-cipriotas retirados dos escombros em Adiyaman foram repatriados para o Chipre nesta sexta, incluindo os de sete adolescentes que disputavam um torneio de vôlei, anunciou a imprensa local. Até o momento foram encontrados os corpos de 19 jovens do grupo.
O presidente turco se pronunciou nesta sexta. "Haviam tantos prédios danificados que, infelizmente, não conseguimos acelerar nossas intervenções como gostaríamos", afirmou durante uma visita à cidade de Adiyaman.
De acordo com os balanços oficiais mais recentes, o terremoto, de 7,8 graus de magnitude e que foi acompanhado por mais de 100 tremores secundários, provocou pelo menos 22.368 mortos: 18.991 na Turquia e 3.377 na Síria.
A OMS calcula que 23 milhões de pessoas estão "potencialmente expostas, incluindo cinco milhões que são vulneráveis". A organização teme uma crise de saúde.
As organizações humanitárias expressaram preocupação com uma eventual propagação do cólera, doença que voltou a ser registrada na Síria.
A União Europeia (UE) enviou as primeiras equipes de resgate à Turquia horas depois do terremoto. Mas, a princípio, ofereceu apenas uma ajuda mínima à Síria, por meio de programas humanitários, devido às sanções internacionais impostas em consequência da guerra civil, iniciada em 2011.
Na quarta-feira, 8, o governo sírio solicitou oficialmente a assistência da UE e a Comissão Europeia pediu aos Estados membros que apresentassem uma resposta positiva.
O presidente sírio, Bashar al-Assad, e sua esposa fizeram a primeira visita às vítimas do terremoto em Aleppo, nesta sexta, informou a presidência.