Governado pela direita há 200 anos, opositores de Gustavo Petro se opõem às reformas, como o aumento de impostos para os mais ricosAFP

Bogotá - Milhares de manifestantes protestaram nesta quarta-feira, 15, nas principais cidades colombianas contra as reformas que o presidente Gustavo Petro, o primeiro esquerdista a governar o país, pretende implementar. Vestidos de branco e com bandeiras com as cores da Colômbia, multidões marcharam pelas ruas de Bogotá, Medellín, Cali e outras cidades com slogans como "Chega de Petro".
"As ruas estão falando, estão falando massivamente e estão dizendo (que) não vão nos impor uma reforma da saúde (...) não vão nos impor a paz total", disse o ex-vice-presidente Francisco Santos (2002-2010), um dos principais nomes do governo de direita de Álvaro Uribe, enquanto marchava na capital de 8 milhões de habitantes.
Petro chegou ao poder em 7 de agosto com uma ambiciosa bateria de reformas para mudar os sistemas de saúde, trabalhista e previdenciário e as políticas de paz para encerrar meio século de conflito armado.
Por volta do meio-dia desta quarta-feira, milhares de pessoas chegaram à central Praça de Bolívar, em Bogotá, para se opor aos projetos de lei que o presidente apresenta nestas semanas ao Congresso, onde tem maioria.
Em Cali, uma mulher na multidão ergueu uma faixa que dizia: "Coloca o traficante à frente do comerciante, o criminoso à frente do empresário". Protestos menores foram organizados na terça-feira em diferentes praças do país, respondendo ao apelo do presidente para apoiar suas reformas nas ruas.
Muito ativo nas redes sociais e em público, Petro explicou alguns dos projetos de lei em um longo discurso para seus seguidores em Bogotá. Governado pela direita há mais de 200 anos, o país está dividido após os primeiros seis meses do Petro no poder.
Seus opositores criticam a política conhecida como "paz total" com a qual Petro explora diferentes mecanismos de negociação para desmobilizar rebeldes, narcotraficantes e guerrilheiros que permaneceram armados após o acordo assinado com as Farc em 2016.
Também rejeitam as reformas que buscam fortalecer o Estado e reduzir a participação privada na prestação de determinados serviços, em um país com altos índices de corrupção. No final do ano passado, o Congresso aprovou uma reforma tributária que aumentou os impostos para os muito ricos.