Acidente aconteceu entre um trem de passageiros e um comboio de cargaReprodução: redes sociais
O homem, de 59 anos, foi detido na quarta-feira, 1º, e será acusado de homicídio culposo e de lesões corporais pelo acidente ocorrido no fim da noite de terça-feira, 28. Ele pode ser condenado à prisão perpétua.
O funcionário, que estava em serviço no momento do acidente, terá de explicar como um trem de passageiros e um trem de carga circularam por vários quilômetros na mesma via, mas em sentidos opostos.
O porta-voz do governo, Yiannis Economou, disse que a investigação vai analisar "atrasos na execução de trabalhos ferroviários provocados pelas deficiências crônicas do setor público e décadas de fracassos".
Cinco anos depois da privatização da empresa ferroviária Hellenic Train, que foi vendida para o grupo italiano Ferrovie dello Statto (FS), os sistemas de segurança ainda não foram automatizados.
O governo decretou três dias de luto nacional, e o ministro dos Transportes pediu demissão horas depois do acidente.
Os sindicatos ferroviários afirmam que as falhas na linha que liga Atenas a Tessalônica são conhecidas há muitos anos.
Uma porta-voz do Corpo de Bombeiros afirmou que as equipes de resgate trabalharam durante toda a noite em busca de sobreviventes, mas as possibilidades de encontrar alguém são cada vez menores. "O tempo não está do nosso lado", admitiu.
O primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis anunciou uma investigação profunda sobre a tragédia. "Tudo indica que, lamentavelmente, o acidente foi provocado por um trágico erro humano", declarou Mitsotakis.
Após a colisão, dois vagões ficaram esmagados, e um terceiro pegou fogo com as pessoas bloqueadas dentro.
Os sobreviventes descreveram cenas de horror e de caos. Eles precisaram passar por vidros quebrados e destroços, quando o trem virou, e quebraram as janelas para sair dos vagões.
Integrantes das equipes de emergência afirmaram que nunca haviam testemunhado uma tragédia de tal magnitude. O vagão-restaurante do trem sofreu um incêndio e a temperatura interna atingiu 1.300°C, segundo os bombeiros.
Horas depois da tragédia não era possível ter certeza de quantas pessoas estavam a bordo, o que dificulta os esforços para determinar o número de desaparecidos.
Roubini Leontari, legista do hospital de Lárissa, disse ao canal ERT que ainda há dez pessoas desaparecidas, incluindo dois cidadãos do Chipre.
"Era um trem lotado de estudantes, de jovens na casa dos 20 anos", declarou Costas Bargiotas, médico do hospital de Lárissa. "É realmente impactante ver os vagões amassados como se fossem de papel", acrescentou.
Muitos cadáveres ficaram carbonizados, e alguns passageiros foram identificados por partes de seus corpos, com base em amostras coletadas entre parentes.
Protestos
Nikos Savva, estudante de Medicina do Chipre, declarou à AFP que a tragédia era questão de tempo. "A rede ferroviária parecia problemática, estava desgastada, com funcionários mal remunerados", disse.
Os hospitais de Lárissa, Tessalônica e Katerini receberam dezenas de feridos, e seis deles estão internados na UTI. Na localidade da tragédia, centenas de pessoas compareceram ao hospital para doar sangue.
A tragédia também pode ter consequências políticas, pois o primeiro-ministro deve convocar eleições para abril e tentar a reeleição.
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