Presidente considera que seu único erro foi 'não conseguir convencer' a população sobre a necessidade da reformaAFP

O presidente da França, Emmanuel Macron, defendeu nesta quarta-feira, 22, a entrada em vigor de sua impopular reforma da Previdência 'até o fim do ano', em um momento de intensificação dos protestos contra o projeto do governo.
"Esta reforma é necessária. Não faço por prazer" declarou o presidente liberal em uma entrevista aos canais TF1 e France 2, na qual reconheceu a "impopularidade" da medida.
A reforma se encontra no Conselho Constitucional, que deve decidir sobre os recursos apresentados pela oposição e os questionamentos do governo, antes da eventual entrada em vigor, que Macron deseja que aconteça "até o fim do ano".
O chefe de Estado reiterou que o aumento da idade de aposentadoria de 62 para 64 anos a partir de 2030 e a antecipação para 2027 da exigência de contribuição por 43 anos, e não mais 42, para ter direito a uma pensão completa busca evitar um "déficit" na Previdência.
Desde a quinta-feira da semana passada, quando decidiu adotar a reforma por decreto, os protestos aumentaram em várias cidades da França. Milhares de manifestantes, em sua maioria jovens, incendeiam latas de lixo em uma disputa com a polícia.
O presidente, que considera que seu único erro foi "não conseguir convencer" a população sobre a necessidade da reforma, criticou os manifestantes, que chamou de "sediciosos", e os comparou aos que tentaram atacar as instituições nos Estados Unidos em 2021 e no Brasil em janeiro de 2023.
"Não vamos tolerar nenhuma violência", acrescentou, no momento em que a oposição de esquerda, sindicatos de advogados, magistrados, ONGs, como a Liga dos Direitos Humanos ou a Anistia Internacional, e até a Defensoria do Povo, fazem alertas sobre a ação da polícia.
Macron fez as declarações na véspera de um novo dia de greve e manifestações, convocado pelos sindicatos, que no dia 7 de março conseguiram levar às ruas entre 1,28 e 3,5 milhões de pessoas, nos maiores protestos contra uma reforma social em três décadas no país.