Tragédia ocorreu na noite da última segunda, 27AFP
Dezenas deles passaram a noite em frente às instalações do Instituto Nacional de Migração (INM), onde ocorreu a tragédia na noite de segunda, 27, à espera de informações sobre seus parentes e conhecidos.
Mais de um dia e meio depois do ocorrido, as autoridades seguiam sem informar as identidades e o número de falecidos por nacionalidade. Tampouco a situação dos 28 feridos, alguns em estado grave.
Até agora só informaram que no centro havia cidadãos da Guatemala, Venezuela, El Salvador, Honduras, Equador e Colômbia.
“É o que queremos saber, se estavam lá dentro ou não”, disse à reportagem o venezuelano Gilbert Zabaleta, que procura por seus amigos Daniel e Óscar.
A última coisa que soube sobre eles foi que haviam sido conduzidos em um veículo do INM rumo ao centro de detenção, por volta do meio-dia de segunda-feira. Os jovens lhe enviaram uma foto do momento do traslado.
O governo anunciou que divulgará na tarde desta quarta um boletim sobre o desastre, que segundo o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, não ficará impune.
“Não vamos ocultar nada e não haverá impunidade”, declarou o presidente durante sua coletiva de imprensa diária, em que também pediu à Procuradoria-Geral que avance nas investigações e que sejam “punidos conforme a lei quem tenha causado esta dolorosa tragédia”.
O presidente confirmou nesta quarta a existência de imagens de câmeras de segurança em que se vê o momento de início das chamas, sem que aparentemente os funcionários abrissem o que parece ser a cela onde estava o grupo.
"Não há nenhum propósito de ocultar os fatos (...), de proteger ninguém, não se permite em nosso governo a violação dos direitos humanos nem se permite a impunidade", assegurou López Obrador.
O vídeo, de 32 segundos, centrava a discussão em torno da possível responsabilidade do governo federal, ao qual o INM é subordinado.
"Como é possível que as autoridades mexicanas tenham deixado seres humanos trancados sem possibilidade de escapar do incêndio?", questionou em nota Erika Guevara Rosas, diretora para as Américas da Anistia Internacional.
A organização denunciou que a catástrofe é "consequência das restritivas e cruéis políticas migratórias compartilhadas pelos governos do México e dos Estados Unidos".
Os migrantes consideram que essas medidas dificultam cada vez mais a possibilidade de chegar aos EUA para escapar da violência e da pobreza extrema em seus países.
"Buscar refúgio é um direito humano e não um assunto policial", lê-se em uma faixa pendurada na grade do INM em Ciudad Juárez, cujo letreiro permanece manchado de fuligem.
Pesar
Um relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM) indica que desde 2014 cerca de 4.400 pessoas morreram ou desapareceram na fronteira entre o México e os Estados Unidos, que se estende por 3.180 km.
O presidente americano, Joe Biden, endureceu a política migratória, obrigando migrantes da Ucrânia, Venezuela, Cuba, Nicarágua e Haiti a solicitar asilo a partir dos países pelos quais transitam ou a fazer agendamentos online.
O governante democrata foi acusado pela oposição republicana de ter perdido o controle da fronteira, com mais de 4,5 milhões de pessoas sem documentos interceptadas na região desde que assumiu o cargo.
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