Carroll processou Trump por estupro e difamação no ano passadoAFP
Os nove jurados - seis homens e três mulheres - consideraram por unanimidade, após cerca de três horas de deliberação, que o ex-presidente foi responsável por abuso sexual e difamação contra a ex-colunista da revista Elle, mas não de estupro, segundo um jornalista da AFP presente na sala.
Acusado apenas no âmbito civil e não criminal, Trump tachou a sentença de "vergonha". "Não tenho absolutamente nenhuma ideia de quem é esta mulher", escreveu ele em sua rede Truth Social.
Carroll processou Trump por estupro e difamação no ano passado, depois que ele classificou de "completa farsa", "falsidade" e "mentira" a revelação em um livro, publicado por ela em 2019, de que o ex-presidente a teria estuprado no provador de uma loja de departamento em Nova York, por volta do ano de 1996.
"Hoje, o mundo por fim conhece a verdade. Esta vitória não é só minha, mas de todas as mulheres que sofreram porque não acreditaram nelas", disse Carroll em nota, na qual explicou o porquê de abrir o processo: "para limpar meu nome e recuperar a minha vida".
Ao ouvir a decisão, Carroll, emocionada, abraçou seus três advogados. O responsável pela defesa de Trump, Joe Tacopina, se dispôs a apertar sua mão.
Em seguida, a ex-jornalista deixou as dependências do tribunal com um sorriso no rosto, sem fazer declarações.
"Estamos muito felizes", limitou-se a dizer sua advogada.
"Você é muito corajosa, obrigado!", disse a Carroll um dos manifestantes reunidos do lado de fora do tribunal, situado na zona sul de Manhattan.
"Levei muito tempo para entender que permanecer em silêncio não funciona", disse.
Outras duas mulheres que alegaram ter sido vítimas de abuso sexual por parte de Trump testemunharam no julgamento para comprovar que o ex-presidente tinha um padrão de conduta.
Uma delas, a executiva Jessica Leeds, disse na corte que Trump a tocou em um voo doméstico na classe executiva na década de 1970, enquanto a segunda, a jornalista Natasha Stoynoff, garantiu que o magnata lhe deu um beijo forçado durante uma entrevista em sua mansão em Mar-a-Lago em 2005.
O republicano, que quer voltar à Casa Branca em 2024, sempre negou as acusações e jamais havia sido condenado pela Justiça até agora.
No entanto, um vídeo com seu depoimento feito sob juramento à advogada Roberta Kaplan, em outubro do ano passado, foi mostrado ao júri. No mesmo, ele tacha a ex-jornalista de "mentirosa" e "doente".
Os advogados de Trump alegaram que ela tinha inventado o caso, movida por "dinheiro, razões políticas e status".
Carroll recorreu a uma lei promulgada em novembro no estado de Nova York que abriu para as vítimas de agressões sexuais o prazo de um ano para processar seus supostos agressores por abusos que já estavam prescritos.
A ex-jornalista acusou Trump de tê-la "estuprado e apalpado à força" e de difamação por comentários que causaram "prejuízo de reputação, emocional e profissional".
O ex-presidente tem outras frentes abertas na Justiça.
No mês passado, ele declarou-se inocente em um processo penal relacionado com o pagamento de suborno para comprar o silêncio de uma atriz pornô pouco antes da eleição de 2016.
O magnata também está sendo investigado por seus esforços para reverter sua derrota no pleito de 2020 no estado da Geórgia, o suposto manuseio incorreto de documentos classificados retirados da Casa Branca e seu envolvimento na invasão do Capitólio por seus simpatizantes em 6 de janeiro de 2021.
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