Projeções indicam que o governador da Flórida, Ron DeSantis, terá um duro embate contra o bilionário e popular Donald Trump AFP

Tallahassee - O governador da Flórida, o republicano Ron DeSantis, anunciará sua candidatura à presidência dos Estados Unidos na noite desta quarta-feira (23), durante uma 'live' no Twitter com Elon Musk. A informação foi rapidamente confirmada pelo magnata, dono da rede social, da Tesla e da SpaceX.
"Vou entrevistar Ron DeSantis e ele tem um grande anúncio a fazer", declarou Musk ao 'The Wall Street Journal'.

DeSantis é apontado como o maior rival de Donald Trump para a candidatura republicana. E os dois se conhecem bem e têm trocado farpas via imprensa e redes sociais.

O governador, que comanda a Flórida desde 2018, entrou na campanha daquele ano como um congressista quase desconhecido. Contudo, o apoio do então presidente permitiu que ele conseguisse uma vitória apertada.

Após assumir o gabinete em Tallahassee, DeSantis foi se distanciando do ex-presidente bilionário e ocupando seu próprio espaço na direita americana, com políticas bastante conservadoras em temas como educação, aborto e imigração.

O rebuliço causado por algumas de suas medidas lhe rendeu enorme atenção midiática, para além das fronteiras da Flórida, no sudeste do país. Mas a batalha pela candidatura republicana vai mostrar se seu novo status no partido é suficiente para superar Trump.

De acordo com numerosas pesquisas, o ex-presidente tem larga vantagem sobre o governador de 44 anos, que foi reeleito para o cargo em novembro de 2022 com uma vitória arrasadora.

Muitos coincidem em afirmar que DeSantis, filho de uma família de classe trabalhadora, veterano de guerra e graduado em Harvard e Yale, tem um grave déficit de carisma se comparado a Donald Trump.

A forma de comunicar sua candidatura já foi alvo de piada por parte do entorno de Trump. "Anunciar sua candidatura no Twitter é perfeito para DeSantis. Assim, não precisa interagir com ninguém", ironizou um dos assessores do ex-presidente em conversa com a AFP.

As projeções indicam que o governador da Flórida terá um duro embate contra o bilionário nova-iorquino, um homem imune aos escândalos, cujos problemas na Justiça parecem mobilizar ainda mais seus numerosos seguidores.

Trump anunciou sua candidatura em novembro e gaba-se de já ter arrecadado milhões de dólares em doações desde que um tribunal de Nova York o indiciou em abril por um caso de fraude contábil.

DeSantis, por sua vez, também poderá contar com doações generosas - US$ 110 milhões (R$ 546 milhões) até a data de hoje - com as quais espera reduzir a distância para Trump e inundar o país com anúncios de campanha.

Em um vídeo recente do comitê de ação política do governador, um homem cola um adesivo "DeSantis presidente" no capô de um carro, por cima de outro com o slogan "Trump 2016".

O anúncio resume a mensagem que o governador quer transmitir aos eleitores: diante do magnata de 76 anos, DeSantis quer incorporar a nova guarda do Partido Republicano.

Os demais candidatos declarados na corrida pela indicação republicana - Nikki Haley, Tim Scott, Asa Hutchinson - praticamente não superam 5% das intenções de voto nas pesquisas, assim, tudo indica que a batalha será entre o governador do estado ensolarado e o homem que o promoveu.

As hostilidades entre ambos começaram muito antes da entrada de DeSantis na campanha. Faz semanas que Trump vem multiplicando as críticas e piadas contra seu rival em suas redes sociais e comícios. DeSantis, por outro lado, tem contra-atacado à sua maneira, de forma mais sutil, destacando o que mais causa dor ao ex-presidente: sua derrota nas últimas eleições presidenciais para o democrata Joe Biden.

O candidato que sair das prévias republicanas enfrentará, em novembro de 2024, o nome designado pelo Partido Democrata.

Por ora, a escritora de sucesso Marianne Williamson e um sobrinho do ex-presidente John Kennedy, Robert Kennedy Junior, são os únicos candidatos do partido a desafiar o atual presidente, e suas chances de conseguir a indicação são escassas.